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O que você verá em "O Mecanismo", a série que disseca a Operação Lava Jato

Imagem da série "O Mecanismo" - Netflix/Divulgação - Netflix/Divulgação
Imagem: Netflix/Divulgação

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

23/03/2018 04h00

Apelidada desde seu anúncio como "a série da Lava Jato", "O Mecanismo" é um dos primeiros projetos a levar para as telas a história da operação que dita o noticiário nacional desde 2014 o que por si já garante a curiosidade do público. E a produção vem com grife: criada por José Padilha ("Tropa de Elite") e Elena Soarez ("Xingu"), traz no elenco globais como Selton Mello, Enrique Diaz e Carol Abras.

Mas afinal, o que você vai ver nesta série que estreia na Netflix nesta sexta (23)? Já vimos os três primeiros episódios e contamos para você.

Selton Mello em "O Mecanismo" - Netflix/Divulgação - Netflix/Divulgação
Imagem: Netflix/Divulgação

Nomes trocados

Não, você não verá o juiz Sérgio Moro, o ex-presidente Lula ou o doleiro Alberto Youssef -- pelo menos, não com esses nomes. Todos foram trocados. Mas a referência está na cara. A ex-presidente Dilma, por exemplo, virou Janete, enquanto Moro ganhou o nome de Paulo Rigo. E isso não aconteceu só com pessoas: a Petrobras virou PetroBrasil e a Polícia Federal, Polícia Federativa.

Cena da série "O Mecanismo" - Netflix/Divulgação - Netflix/Divulgação
Imagem: Netflix/Divulgação

Referências à vida real

Não se engane. "O Mecanismo" deixa claro que quer falar dos acontecimentos da vida real. O escritório do doleiro da trama, Roberto Ibrahim (Enrique Diaz), fica em um posto de gasolina (fato que resultou no nome Operação Lava Jato), as investigações ocorrem principalmente em Curitiba e a presidente Janete (Sura Berditchevsky) aparece falando em "estocar o vento", expressão curiosa usada por Dilma em um discurso de 2015.

O cineasta José Padilha durante lançamento de "O Mecanismo" - Alexandre Loureiro/Getty Images - Alexandre Loureiro/Getty Images
Imagem: Alexandre Loureiro/Getty Images

As marcas registradas de José Padilha

O cineasta traz ao novo projeto o estilo já consagrado em "Tropa de Elite" e "Narcos". Suas marcas ficam claras desde o primeiro momento: a narração em off, nas vozes de Selton Mello e Carol Abras, conduz a maior parte da história (às vezes desnecessariamente), e as cenas de ação são construídas sempre com suspense e tensão.

Cena da série "O Mecanismo" - Netflix/Divulgação - Netflix/Divulgação
Imagem: Netflix/Divulgação

Enrique Diaz mais uma vez como um canalha

Quem viu a minissérie da Globo "Felizes para Sempre?" pode ter uma sensação de déjà vu. Nela, o ator interpretava um empresário corrupto que mantinha negócios escusos em Brasília. Em "O Mecanismo", ele volta a ser um canalha na versão televisiva do doleiro Alberto Youssef, que em 2004 se tornou um dos primeiros criminosos a fazer uma delação premiada história também referenciada na série. Diaz sai como o maior destaque do elenco, com uma interpretação que confere carisma e humanidade ao personagem, mas não deixa o espectador esquecer quem ele é.

Polícia tem mocinhos e bandidos

Quando chegou aos cinemas outra obra baseada na Lava Jato, "Polícia Federal - A Lei É para Todos", um dos pontos mais criticados foi o retrato "chapa branca" dos policiais envolvidos no caso, pintados como heróis. "O Mecanismo", no entanto, vai por outro caminho. Os delegados Marco (Selton Mello) e Verena (Carol Abras) são claramente os protagonistas da história, mas têm dramas pessoais e não são construídos como figuras idealizadas. A instituição em que eles trabalham tampouco é o paraíso: há severas discordâncias internas e profissionais suspeitos.