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Foo Fighters dá aula de rock com Grohl "fanfarrão" e noivado no palco em SP

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

28/02/2018 01h37

Dave Grohl pode estar prestes a virar cinquentão, mas ele e o Foo  Fighters seguem espantando a chance de virarem os "tiozões do rock" e vão colecionando estádios cheio pelo mundo. Não foi diferente na primeira noite da banda em São Paulo. Em turnê para promover o disco “Concrete and  Gold” - que passou pelo Rio no domingo, tem mais uma data em São Paulo (28) e depois passa por Curitiba (02/03) e Porto Alegre (04/03), os norte-americanos deram uma aula de rock de 2h20min para 40 mil pessoas, não só com seus sucessos, mas com jams, improvisos e um desfile de hits para cantar junto.

Grohl, por sinal, estava até mais “soltinho” que de costume, com piadas, caretas e provocações ao público. Rolou até pedido de casamento. Mais cedo, os brasileiros do Ego Kill  Talent esquentaram o público no Allianz Parque e o Queens of the Stone Age levantou a galera mesclando peso e momentos dançantes.

Foo - Lucas Lima/UOL - Lucas Lima/UOL
Imagem: Lucas Lima/UOL

Dave Grohl, o fanfarrão

Quem foi ao Allianz Parque nesta terça-feira certamente vai se lembrar não só dos hits que o Foo Fighters tocou - quase uma coletânea “greatest hits” -, mas também de como Grohl estava com a sua veia comediante ainda mais aflorada. Sempre muito comunicativo, fez piadas com o público - fingiu uma discussão com uma fã sobre quem amava mais quem -, chamou os outros integrantes de seus “maridos” na hora da apresentação deles e explicou que chamaria Taylor Hawkins para cantar “Under Pressure” à frente do palco só para que todos vissem sua calça agarradinha. Taylor também fez graça ao cantar “Love of My Life”, do Queen, para Grohl. Antes do bis, os dois apareceram em um vídeo nos bastidores brincando com o público sobre quantas músicas eles deviam executar, e fizeram todos caírem na risada.

Pedido de casamento. De novo!

Está virando rotina. Depois de um noivado no show de 2015, no estádio do Morumbi, também em São Paulo, mais uma vez Grohl virou “padrinho”. No meio do show, ele chamou um homem no palco, por conta de um cartaz que ele carregava. O que ele pedia era a chance de pedir a namorada em casamento em pleno palco. Deu certo, mas foi rápido. Logo o líder do Foo Fighters os enxotou: “Saiam do meu palco! Vão fazer um bebê!”, gritou Grohl para eles.

Luz dos celulares ilumina o estádio

Uma das cenas mais bonitas do show do Foo Fighters foi em "The Sky Is a Neighborhood". A música, do disco mais recente, tem um clima épico e o público não só acompanhou no gogó, como também acendeu as lanternas dos celulares e iluminou ainda mais o Allianz Parque. Esta canção, assim como a também nova “Dirty Water”, tiveram acompanhamento de três mulheres nos vocais de apoio, um luxo que a banda ainda não tinha antes de “Concrete and Gold”.

Aula de rock e a tradição dos covers

Parece chover no molhado, mas o que o Foo Fighters fez em São Paulo foi uma aula de rock e uma ode a uma época em que os shows em estádio tinham mais espaço para improvisos. Grohl comandou a banda apostando no peso das suas guitarras, em seus gritos e nas jams. Músicas como “The Pretender” tiveram tempos longos de improvisação entre os músicos, por exemplo. Grohl também incluiu músicas que não estavam no set list inicialmente, como “Big Me”.

O próprio repertório da banda leva a esse resultado. Com nove álbuns e um grande número hits, a maioria das canções tinha pelo menos os refrãos cantados pela galera, com destaque para “My Hero”, “All My Life”, “Learn to Fly”, “Best of You” e o encerramento em “Everlong”. Abrindo o show, “Run”, do novo álbum, “Concrete and Gold”, mostrou que o público ainda acompanha a banda e também foi cantada pela maioria. E ainda houve o tradicional espaço para os covers, com “Under My Wheels”,de Alice Cooper, “Under Pressure”, do Queen, e “Blitzkrieg Bop”, do Ramones sendo que esta última que não estava no repertório oficial. Só faltou uma parceria com o amigo Josh Homme, do Qotsa. Grohl até convidou durante um trechinho de "Miss You", dos Rolling Stones, mas ele não entrou no palco.

A hora dos bateristas

Por falar em cover, esse é um dos momentos em que brilha Taylor Hawkins. O baterista, que é a segunda cara do Foo Fighters, foi para a frente do palco e mostrou que tem muito talento para vocalista e frontman, liderando os vocais de “Under Pressure”. Além disso, o simpático batera cantou na música do novo disco “Sunday Rain” - que tem a bateria original gravada por Paul McCartney - e cantou. Tudo isso com sua bateria elevada a metros do palco, tal qual faz o Kiss. Falando em bateria, um dos destaques do show do Queens of the Stone Age foi justamente Jon Theodore nas baquetas, com direito a dois solos.

Respeito... Taylor! #foofighters

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Luzes, efeitos e um palco menor

Um detalhe no show do Foo Fighters foi a escolha de um palco mais simples, sem a passarela que levava os músicos para o meio do estádio. Ainda assim, tanto Foo Fighters quanto Queens of the Stone Age fizeram apresentações muito bonitas visualmente. O Foo Fighters caprichou nas luzes e tinha um telão em forma de losango - mas todo o fundo do palco era usado nas projeções. O Qotsa conseguiu impressionar com menos espaço. As imagens no telão eram cheias de efeitos e combinavam com o som caótico da banda e havia hastes com luzes de led espalhadas pelo palco, que criavam um ambiente diferente do comum.

Josh - Lucas Lima/UOL - Lucas Lima/UOL
Imagem: Lucas Lima/UOL

Chute? Só na iluminação, Homme

Josh Homme, líder e vocalista do Queens of the Stone Age, virou manchete em dezembro ao chutar, sem motivo algum, uma fotógrafa durante um show. Desta vez, nada de polêmicas. Ele até soltou um chute em uma dessas hastes de iluminação, mas ela é feita para isso, então só balançou. No restante do show, mostrou simpatia com o público e desfilou todo o seu rebolado, dançando com sua guitarra enquanto cantava e tocava. Com mais de 1h no palco, o Queens fez um show barulhento, caótico, em que o destaque foi a clássica “No One Knows”. O público já estava em grande número para o Qotsa, que misturou músicas antigas como “Little  Sister” e “Go With the  Flow” com outras mais recentes e bem recebidas, como “My  God  Is  the Sun” e “The Way  You  Used to Do”, do mais recente, "Villains". Foram cinco músicas desse disco no total.

Esquenta brasileiro

Quem abriu os trabalhos no Allianz Parque foi a banda brasileira Ego Kill Talent, que tem o ex-baterista do Sepultura Jean Dolabella. Com seu hard rock e stoner rock, eles se beneficiaram de a galera chegar cedo para o Qotsa e mandaram músicas como “Sublimated”, “We All” e “The Last Ride”, que recentemente ganhou um clipe impressionante gravado no Deserto de Atacama.

Pontualidade

Uma dica para quem vai curtir os outros shows da turnê é a pontualidade. O Queens of the Stone Age entrou no palco cinco minutos antes do esperado. Já o Foo Fighters, marcado para as 20h50, não demorou sequer um minuto a mais para ter Dave Grohl correndo pelo palco e dando o pontapé inicial no show.

Set list do Foo Fighters
1. Run
2. All My Life
3. Learn To Fly
4. The Pretender
5. The Sky is a Neighborhood
6. Rope
7. Sunday Rain
8. My Hero
9. These Days
10. Walk
11. Breakout
12. Under My Wheels (Alice Cooper)
13. Blitzkrieg Bop (Ramones)
14. Under Pressure (Queen
15. Monkey Wrench
16. Times Like These
17. Generator
18. Big Me
19. Best of You
20. Dirty Water
21. This is a Call
22. Everlong


Set list do Qotsa
1. If I Had a Tail
2. Head Like a Haunted House
3. My God Is the Sun
4. Feet Don't Fail Me
5. The Way You Used to Do
6. Do It Again
7. No One Knows
8. The Evil Has Landed
9. I Sat by the Ocean
10. Domesticated Animals
11. Make It Wit Chu
12. Smooth Sailing
13. Little Sister
14. Go With the Flow
15. A Song for the Dead