Máfia e música boa: "Peaky Blinders" é um tesouro escondido na Netflix
"Peaky Blinders" pode ter passado despercebido em suas buscas na Netflix. Chegando ao serviço de streaming de mansinho, sem muito alarde, a série produzida pela BBC é uma viagem extraordinária ao mundo violento, charmoso e ambíguo da máfia britânica dos anos 20. Assim como "O Poderoso Chefão", a família central é envolvida em armações, crimes e tentativas para sair da ilegalidade. Tudo isso comprando a polícia aqui e trocando favores acolá.
O personagem principal da série é, sem dúvida, a família Shelby, liderada por Tommy (Cillian Murphy). Seu braço direito é formado pelos irmãos Arthur (Paul Anderson) e John (Joe Cole), enquanto a tia Polly (Helen McCrory) é o lado racional da família e comandante das finanças. Nascidos e criados na cidade de Birmingham, a 200 km da capital Londres, o grupo toca apostas em corridas de cavalos -- e lucra uma fortuna com os animais.
Como é de praxe com gângsteres, a polícia acompanha-os na cola. Em "Peaky Blinders", esse papel é do inspetor irlandês Chester Campbell (Sam Neil) que quer derrubar o império -- cada vez maior -- de Tommy e sua gangue. E a motivação alcança outro nível quando uma espiã consegue se infiltrar no terreno inimigo.
Criada por Steven Knight, roteirista do impecável "Senhores do Crime", em que a máfia russa é foco da trama, "Peaky Blinders" também aborda os resquícios da Grande Guerra. Tommy e Arthur ainda são afetados pelas trincheiras e sonham com os horrores do combate, até mesmo deliram com a possibilidade de não terem abandonado o front da guerra.
A trilha sonora
A faixa "Red Right Hand", de Nick Cave and the Bad Seeds, carrega a responsabilidade de ser o tema dos Peaky Blinders, mas é apenas uma parte da trilha sonora.
Estão lá White Stripes, Johnny Cash, Jack White, Royal Blood, Arctic Monkeys, Radiohead e muito mais. E sempre trazendo um som sujo e agressivo para combinar com as ruas podres, cinzentas e esfumaçadas de Birmingham, um dos polos da atividade industrial na Inglaterra.
Entre guitarras rasgadas e baterias ampliadas, a elegância da família Shelby salta aos olhos do restante da população da cidade. Casacões longos, relógios de ouro e pedras preciosas servem para ostentar o poderio dos mafiosos, mas a boina carregada com lâminas de barbear é o que mete medo nos inimigos.
"Por ordem dos Peaky Blinders", como o grupo costuma avisar antes de mandar um recado quase sempre violento, a produção transita entre o lixo e o luxo da cidade tomada pelas fábricas.
Os verdadeiros Peaky Blinders
Por volta de 1890, a cidade de Birmingham foi palco de um grupo de gângsteres que realmente se denominavam Peaky Blinders. Segundo apontou o escritor Carl Chinn no livro "The Real Peaky Blinders", esses homens ganharam a nomeação pela fama de cortar a testa de seus inimigos, fazendo com que o sangue os deixassem cegos.
Por outro lado, o autor indicou que o nome pode vir apenas de seus chapéus pontiagudos, justamente pelo alto custo das lâminas de barbear. Os verdadeiros Peaky Blinders eram ladrões de quinta categoria que foram ganhando repercussão na cidade. Mas esqueça Tommy Shelby: o líder do clã era Billy Kimber, que virou uma das pessoas mais temidas do Reino Unido.
Apesar de certas similaridades com o líder da família Shelby, Billy não ficou traumatizado com os confrontos da Primeira Guerra Mundial e desertou durante o confronto. Apesar do jeito rude, o líder dos Blinders era inteligente e usou seu charme para conseguir conexões com a capital londrina.
"Peaky Blinders" já está na quarta temporada (todas disponíveis na Netflix) e a próxima já está confirmada, ainda sem data de estreia.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.