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"Quadrinho era solitário, tipo masturbação", diz Laerte sobre novo projeto

Laerte fala do projeto "Baiacu" na CCXP 2017 (Comic Con Experience) - Mariana Pekin/UOL
Laerte fala do projeto "Baiacu" na CCXP 2017 (Comic Con Experience) Imagem: Mariana Pekin/UOL

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

10/12/2017 17h06

Laerte esteve na CCXP 2017 (Comic Con Experience) para falar do ambicioso projeto "Baiacu", um experimento em que dez quadrinistas, de estados brasileiros e culturas diferentes, moraram na mesma casa para desenvolver uma HQ antropomórfica.

"Quadrinho, para mim, era uma atividade tipo a masturbação, uma ação solitária. O artista ficava sozinho, à noite, produzindo uma coisa incrível. E isso é totalmente novo", disse a artista no painel "Projeto Baiacu: Um Livro, Uma Residência, Uma Experiência", apresentado neste domingo (10).

Capa do projeto "Baiacu" - Reprodução - Reprodução
Capa do projeto "Baiacu", um experimento feito por dez quadrinistas brasileiros
Imagem: Reprodução

A quadrinista coordenou ao lado do parceiro criativo de longa data Angeli, uma volta à época do "Pasquim" e do "Chiclete com Banana". "A gente nunca se desencontrou, mas estávamos longe do que conhecemos como público. Eu propus para o Angeli que a gente se reconectasse para fazer alguma coisa. E elaborar uma dinâmica diferente, que acabou sendo essa revista/livro".

Filho de Laerte, Rafael Coutinho explicou que a casa não funcionou como um reality show e que foi pensado em um formato mais criativo. "Tinha um esforço de objetivo para não tornar um 'BBB' dos quadrinhos. Fizemos vídeos mais artísticos para mostrar eles trabalhando, e não apenas bebendo e batendo papo".

Para explicar o nome da revista, Laerte mostrou o humor ácido marcante. "Tudo que tem c* na língua portuguesa começa a afunilar. O baiacu é um peixe intrigante, porque ele infla, parece agressivo e é venenoso. E tem a historia do ritual de acasalamento do baiacu, ele faz no fundo da areia, onde ele desenha uma mandala. Ele faz isso para se dar bem. E também porque esse nome estava disponível para um livro", riu a artista.

"Nós estamos em um momento único nos quadrinhos brasileiro, um processo de expansão. E uma ideia assim, que junte tanta gente em um experimento, nunca aconteceu. É importante manter uma crítica sempre", concluiu Rafael.