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Por que a DC Comics é tão popular no Brasil? Quadrinistas têm a resposta

Painel da DC Comics na CCXP - Reprodução
Painel da DC Comics na CCXP Imagem: Reprodução

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

10/12/2017 14h25

Se há um lugar onde a DC Comics faz muito sucesso é o Brasil. E esse foi o tema principal de uma discussão na CCXP 2017 (Comic  Con Experience), que reuniu neste domingo (10) diversos quadrinistas brasileiros em painel exclusivo da DC. E, para eles, a resposta está no apelo emocional.

"A primeira vez que me passaram para fazer uma capa do Batman rolou uma congelada, um nervosismo, porque você sempre lembra da sua infância", contou Marcio Takara, que trabalhou também em "Lanterna Verde", "Flash" e "Nightwing".

"Eu tinha uma cueca do Aquaman, juro", lembrou Ivan Reis, aos risos. "Acho que todo mundo aqui se lembra de Superamigos, e isso foi o que mais marcou para mim", contou Adriana Melo.

"O que eu acho mais legal é que, trabalhando com super-heróis, você cria um senso de moral absurdo. Não é só um gibizinho. Eu acho que os heróis da DC são arquétipos muito fortes. A Marvel tem coisa legal, mas a DC é foda", disse Joe Prado, para delírio das quase 2.500 pessoas presentes no auditório.

Sobre a famosa rixa entre Marvel e DC, Márcio lembrou que não tinha condição financeira quando era mais novo e nunca imaginou que houvesse essa rivalidade até começar a trabalhar com desenho. "Homem-Aranha, Wolverine, Batman, Mulher-Maravilha, não vou parar [de trabalhar como quadrinista] até fazer todos esses personagens", disse o ilustrador.

A quadrinista Adriana Melo na CCXP 2017 - Rodolfo Vicentini/UOL - Rodolfo Vicentini/UOL
A quadrinista Adriana Melo na CCXP 2017
Imagem: Rodolfo Vicentini/UOL

Mulher-Maravilha

A discussão também se estendeu ao filme solo da Mulher-Maravilha. "A sensação é de que os roteiristas e a atriz Gal Gadot acertaram em tudo. Dava para ver a inexperiência da personagem, eles desconstruíram um ícone. Se fosse um filme com ela já poderosa não teria essa identidade com o público", falou Adriana.

Para a artista, o blockbuster que arrecadou US$ 821 milhões nas bilheterias quebrou a barreira da ideia de filmes "sérios" e filmes de super-heróis. "A produção se vendeu como um filme com uma história para contar. E o resultado a gente vê aqui, quanta criança vestida de Mulher-Maravilha a gente está encontrando aqui na feira?", completou.

Ilustradora das HQs da "Supergirl", Adriana contou que adora fazer figuras femininas para explorar "a força e a beleza de uma forma que não precise mostrar o corpo".

Aquaman e o hype!

Em questão de um ano, Aquaman virou o herói preferido de muita gente. O personagem aquático da DC ganhou uma versão para os cinemas interpretado por Jason Momoa em "Liga da Justiça", e em 2018 finca a âncora em uma produção solo. Mas fora do ambiente cinematográfico, a dupla Ivan Reis e Joe Prado foram responsáveis por aumentar a popularidade do personagem nas HQs.

"Aquaman para mim é poesia visual. E eu achei que aquilo tinha que ser explorado. Eu sempre batalhei para que usasse o clássico, Aquaman é realeza. E essa mudança refletiu na popularidade", diz Ivan. "Nós fizemos artes conceituais para o filme do 'Aquaman', então realmente vai ser o Aquaman. É o primeiro filme, cara!", falou o parceiro criativo.

"A HQ que a gente fez do 'Aquaman' vendeu mais do que qualquer outra revista da Marvel e ainda entrou para a lista dos mais vendidos do jornal 'New York Times'", lembrou Joe.

Cartaz do filme "A Liga da Justiça" desenhado pelo quadrinista brasileiro Ivan Reis - Ivan Reis/Reprodução - Ivan Reis/Reprodução
Cartaz do filme "A Liga da Justiça" desenhado pelo quadrinista brasileiro Ivan Reis
Imagem: Ivan Reis/Reprodução