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Escolas de samba do RJ ameaçam não desfilar caso diminua verba em 2018

27.fev.2017 - A Estação Primeira de Mangueira encerrou o desfile do Grupo Especial das escolas de samba do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí - Douglas Shneider/UOL
27.fev.2017 - A Estação Primeira de Mangueira encerrou o desfile do Grupo Especial das escolas de samba do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí Imagem: Douglas Shneider/UOL

Do UOL, em São Paulo

13/06/2017 19h54

Pelo menos cinco escolas do grupo especial do Carnaval do Rio de Janeiro ameaçaram não desfilar no próximo ano, caso o prefeito Marcelo Crivella corte pela metade a verba destinada às agremiações. União da Ilha, Mocidade, São Clemente, Mangueira e Unidos da Tijuca não concordam com a intenção da atual gestão de distribuir R$ 12 milhões às creches conveniadas para dobrar o valor que estas recebem por cada criança, que é atualmente de R$ 10.

O presidente da União da Ilha, Ney Filardi, fez uma reunião no sábado (10) com a presença de todos os segmentos da escola para apresentar a posição de Crivella, e reiterou que a quantia gerada pelo evento é muito maior do que os gastos da prefeitura.

"Se esse corte realmente acontecer, peço desculpas antecipadamente, mas a União da Ilha não desfilará no carnaval de 2018", alertou Ney.

O líder da escola da Ilha do Governador acrescentou: "O governo federal em nada contribui para o carnaval e a Petrobras cortou a verba (R$ 1 milhão), que dava para cada escola do grupo especial. O governo estadual também não ajuda. A vendagem de ingressos já não é mais a mesma. Arquibancadas e frisas não sofrem um reajuste há mais de cinco anos. O repasse da Rede Globo se dá através de vendagens de cotas (valores variados). E os impostos, taxas e salários não param de aumentar, bem como a compra de materiais (cola, madeira e isopor)".

"O carnaval do RJ proporciona ganhos financeiros ao comércio, aos taxistas, às companhias aéreas, às agencias de turismo, bares, vendedores, ambulantes credenciados, restaurantes, rede hoteleira, cervejarias e diversos outros beneficiários. Isto sem contar, que o "período de momo" gera uma entrada nos cofres do município de R$ 3 bilhões. E a prefeitura investe 60 milhões de reais. Matemática é uma ciência exata e isso gera um ganho real da prefeitura de 2 bilhões e 940 milhões Não são palavras minhas! Esses dados foram recentemente veiculados na mídia e subscrita pela Riotur", analisou o presidente da União da Ilha.

Veja abaixo a transcrição completa do depoimento de Ney Filardi:

Entenda o caso

Sob comando de Crivella, a prefeitura do Rio de Janeiro quer repassar metade do valor então destino às escolas de samba do Rio de Janeiro para melhorar a alimentação e o material escolar das crianças.

"O valor que é pago hoje é muito pouco até mesmo para comprar um iogurte. O que estamos fazendo é refletir como gastar melhor. Se vamos usar esses recursos para uma festa de três dias (Carnaval) ou ao longo de 365 dias ao ano", disse o prefeito.

Apesar o remanejamento previsto, o Carnaval do Rio de Janeiro receberá investimentos em 2018. Instalações de telões por toda a Avenida Marquês de Sapucaí e modernização dos sistemas de luz e som facilitarão o trabalho das escolas de samba.

A prefeitura ainda salienta que o remanejamento não indica uma falta de recursos para as agremiações, já que o Conselho de Turismo "poderá investir diretamente por intermédio de um fundo setorial ou por cadernos de encargos".