Escolas de samba do RJ ameaçam não desfilar caso diminua verba em 2018
Pelo menos cinco escolas do grupo especial do Carnaval do Rio de Janeiro ameaçaram não desfilar no próximo ano, caso o prefeito Marcelo Crivella corte pela metade a verba destinada às agremiações. União da Ilha, Mocidade, São Clemente, Mangueira e Unidos da Tijuca não concordam com a intenção da atual gestão de distribuir R$ 12 milhões às creches conveniadas para dobrar o valor que estas recebem por cada criança, que é atualmente de R$ 10.
O presidente da União da Ilha, Ney Filardi, fez uma reunião no sábado (10) com a presença de todos os segmentos da escola para apresentar a posição de Crivella, e reiterou que a quantia gerada pelo evento é muito maior do que os gastos da prefeitura.
"Se esse corte realmente acontecer, peço desculpas antecipadamente, mas a União da Ilha não desfilará no carnaval de 2018", alertou Ney.
O líder da escola da Ilha do Governador acrescentou: "O governo federal em nada contribui para o carnaval e a Petrobras cortou a verba (R$ 1 milhão), que dava para cada escola do grupo especial. O governo estadual também não ajuda. A vendagem de ingressos já não é mais a mesma. Arquibancadas e frisas não sofrem um reajuste há mais de cinco anos. O repasse da Rede Globo se dá através de vendagens de cotas (valores variados). E os impostos, taxas e salários não param de aumentar, bem como a compra de materiais (cola, madeira e isopor)".
"O carnaval do RJ proporciona ganhos financeiros ao comércio, aos taxistas, às companhias aéreas, às agencias de turismo, bares, vendedores, ambulantes credenciados, restaurantes, rede hoteleira, cervejarias e diversos outros beneficiários. Isto sem contar, que o "período de momo" gera uma entrada nos cofres do município de R$ 3 bilhões. E a prefeitura investe 60 milhões de reais. Matemática é uma ciência exata e isso gera um ganho real da prefeitura de 2 bilhões e 940 milhões Não são palavras minhas! Esses dados foram recentemente veiculados na mídia e subscrita pela Riotur", analisou o presidente da União da Ilha.
Veja abaixo a transcrição completa do depoimento de Ney Filardi:
Entenda o caso
Sob comando de Crivella, a prefeitura do Rio de Janeiro quer repassar metade do valor então destino às escolas de samba do Rio de Janeiro para melhorar a alimentação e o material escolar das crianças.
"O valor que é pago hoje é muito pouco até mesmo para comprar um iogurte. O que estamos fazendo é refletir como gastar melhor. Se vamos usar esses recursos para uma festa de três dias (Carnaval) ou ao longo de 365 dias ao ano", disse o prefeito.
Apesar o remanejamento previsto, o Carnaval do Rio de Janeiro receberá investimentos em 2018. Instalações de telões por toda a Avenida Marquês de Sapucaí e modernização dos sistemas de luz e som facilitarão o trabalho das escolas de samba.
A prefeitura ainda salienta que o remanejamento não indica uma falta de recursos para as agremiações, já que o Conselho de Turismo "poderá investir diretamente por intermédio de um fundo setorial ou por cadernos de encargos".
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