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Secretário admite falhas pontuais, mas nega esvaziamento da Virada Cultural

Natalia Guaratto

Do UOL, em São Paulo

21/05/2017 20h22

Encerrada por volta das 19h deste domingo (21), a edição 2017 da Virada Cultural, a primeira sob a gestão do prefeito João Doria, foi considerada satisfatória por André Sturm, secretário de Cultura de São Paulo.

"Não houve esvaziamento da Virada", disse Sturm em coletiva de imprensa realizada no Theatro Municipal. A Prefeitura ainda não tem o número total de público, mas informou que as maiores plateias se formaram no Centro (20 mil pessoas no Cortejo com Banda Uó e Iza no Centro e 30 mil na Chácara do Jockey).

Na avaliação do secretário, a presença de shows no sambódromo do Anhembi foi o ponto fraco do evento. "Tivemos um público de 4 mil pessoas no show da Daniela Mercury. É uma coisa que precisa ser reavaliada", admitiu Sturm. Para ele, a falta de metrô próximo ao local pode ter sido responsável pela ausência de público.

Segundo Sturm, o Autódromo de Interlagos, que chegou a ter shows para 10 pessoas, ficou vazio por conta do mau tempo. "O problema é que a programação era infantil. Se eu fosse levar meu filho para sair hoje eu não levaria para um lugar aberto, com frio e chuva", declarou.

A descentralização foi considerada por Sturm como o maior acerto desta Virada, com público de 4 mil pessoas no Parque do Carmo, Penha e Grajaú. Para o ano que vem, a ideia é continuar o evento nesses moldes, mas repensar o Anhembi ("Talvez um outro lugar na zona norte seja melhor") e a programação infantil, que segundo ele foi a culpada pelo fiasco no Autódromo.

"Não queríamos ter 40 mil pessoas em um palco no Centro. Nossa avaliação é que isso gerava insegurança e uma aglomeração desnecessária", afirmou o secretário.

"Acertamos em tirar os palcos grandes. Tivemos muito sucesso no palco dos Tributos, tinha certamente umas 4 mil pessoas ali na madrugada, e também no Hip Hop na rua 24 de Maio. Até piano na praça teve público de 200 pessoas."

Para Sturm, a Virada também foi bem-sucedida em termos de segurança. Até às 11h deste domingo, foram registradas 10 ocorrências pela Polícia Militar, furtos na maioria.

Não deu tudo 100% certo"

Sturm admitiu as falhas pontuais registradas por imprensa e público ao longo do evento. "Não deu tudo 100% certo", declarou.

Mano Brown

O cancelamento do show do rapper Mano Brown aconteceu, de acordo com o secretário por divergências com a agenda do músico. "Caiu um dilúvio na sexta-feira e não conseguimos montar o palco para que ele pudesse passar o som, conforme tinha exigido. Aconteceu com outros palcos. Mas ele poderia ter passado o som no sábado de manhã", afirmou Sturm.

Fafá de Belém

Também cancelado, o show da cantora Fafá de Belém, programado para acontecer à 1h no Anhembi, não ocorreu em decorrência dos problemas de saúde da cantora, que subiu ao palco no domingo com Alcione.

Público se protege da chuva para assistir ao show do É o Tchan na Virada Cultural - Mariana Pekin/UOL - Mariana Pekin/UOL
Público se protege da chuva para assistir ao show do É o Tchan na Virada Cultural
Imagem: Mariana Pekin/UOL
É o Tchan

A mudança no local da apresentação do grupo É o Tchan, no Centro, também foi forçada pela chuva do domingo. Inicialmente, estava previsto que o grupo sairia com o trio elétrico do Theatro Municipal. Em vez disso, o caminhão de som ficou estacionado próximo a Praça da República. "Tivemos que colocar uma lona às pressas e por causa da lona o trio não iria passar em alguns locais", explicou.

Palco Festas

De acordo com Sturm, o Palco Festas que também não foi montado a tempo no sábado, prejudicando a apresentação dos DJs da festa Talco Bells, sofreu com um problema de produção. "O produtor responsável trouxe um equipamento errado, e os primeiros DJs não conseguiram tocar. Foi uma falha nossa", disse Sturm.

Ação na Cracolândia

"Fiquei sabendo da ação da Cracolândia quando acordei hoje de manhã de um curto sono. Essa foi uma decisão policial, judicial. Os mandando de prisão foram emitidos. A secretaria de Cultura não tem nada a ver com isso. Foi uma coincidênncia, mas estávamos do Largo do Arouche para cá, já um pouco longe da Cracolandia, então não acho que a ação tenha interferido na nossa programação."

"Se a ação na Cracolândia influenciou o público a não ir hoje é avaliar o imponderável. A chuva com certeza trabalhou. Nenhum palco foi cancelado por causa da ação. O que houve foi o cancelamento da participação de uma ocupação de containeres que tem ali em frente à Sala São Paulo porque a coisa ficou um pouco tensa. Mas é uma ocupação independente, não era nem da nossa programação, era mais uma aproximação."

Manifestações políticas

"O Ministério Público não pede, ele ordena. O MP disse que nós tínhamos que comunicar os artistas sobre a responsabilidade deles com manifestações políticas. Nós dissemos que não podíamos e não iríamos impedir porque isso é um direito de cada um. Nós só impediríamos que os palcos virassem palanques. O MP determinou que comunicássemos os artistas e a gente entregou essa xerox. Não fizemos nenhum tipo de censura. Vários artistas fizeram suas manifestações, ninguém foi coibido, não houve nenhum tipo de cerceamento."