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Público cria abaixo-assinado e evento paralelo para manter Virada no centro

Do UOL, em São Paulo

06/12/2016 15h59

A decisão do prefeito eleito de São Paulo de transferir a Virada Cultural do centro para o autódromo de Interlagos, divulgada nesta segunda (5), vem motivando protestos nas redes sociais. Após o anúncio, um grupo de internautas criou o evento "Virada Cultural Clandestina" propondo realizar uma versão paralela da festa na mesma data em 2017. Trinta mil pessoas já confirmaram presença.

"O mínimo que nós, cidadãos paulistanos que curtimos a Virada no centro, com os problemas que podem ser minimizados mas com uma troca humana intensa e fundamental (....), devemos fazer é, além de protestar (...), é nos apropriar da Virada e, se for o caso, colar no centro no dia que é para ser e fazer a balada lá de forma autônoma", escrevem os organizadores.

Nesta terça, o jornalista Paulo Noviello criou ainda um abaixo-assinado pela manutenção do formato anterior do evento, que pretende encaminhar a João Doria e ao novo secretário de Cultura, André Sturm. Segundo ele, a medida "visa controlar quem entra e sai da Virada, o que vai causar exclusão social com pessoas mais pobres."

"Levar a Virada Cultural para o autódromo significa excluir muita gente que não têm acesso àquela região e levaria horas de transporte público para chegar lá, especialmente gente dos extremos da cidade É provável que alguns shows e atrações passem a ser cobrados, e o evento deixaria de ser 100% gratuito", escreve o jovem.

Em anúncio nesta segunda, Doria sustentou que a programação será mantida e continuará gratuita, num formato com shows de 24 horas, sem o que chamou de "pontos ruins" da Virada. Um deles, a acumulação de pessoas próxima a áreas de residência.

"Vai ser em Interlagos com segurança, não incomodando a população", disse durante discurso em plenária da Fecomercio-SP. O formato será mantido durante os seus quatro anos de gestão, prometeu.

Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", André Sturm afirmou este não é fim da Virada e que apenas os grandes shows serão transferidos para Interlagos, com várias atrações continuando no centro da capital paulista.

"Em vez de oito ou dez megapalcos que atraem uma multidão que fica perambulando pelo centro, haverá grandes shows em Interlagos, com mais conforto, segurança, área de alimentação, banheiros e até área para dormir, se as pessoas quiserem. Seria um palco para um show maior e outros dois palcos para outras bandas."

Segundo João Doria, que assume a prefeitura em janeiro, a ideia é tornar o evento mais seguro, "com transporte, com conforto e sem os transtornos que, infelizmente, pela dimensão que ela assumiu ela proporciona. Ela vai manter tudo de bom que ela sempre teve, sem os aspectos ruins em Interlagos".

Decisão controversa

Polêmico, o anúncio também foi motivo de críticas de produtores e antigos organizadores do evento, criado em 2005 na gestão do ex-prefeito José Serra com intuito de ocupar a degradada região do centro de São Paulo com atrações gratuitas durante 24 horas em um fim de semana.

Na edição 2016, A Virada Cultural, que custou mais de R$ 14 milhões aos cofres públicos, também organizou shows e atrações culturais em regiões da periferia de São Paulo. O evento foi marcado por diversos protestos contra o presidente Michel Temer (PMDB).

A atual gestão da prefeitura, comandada por Fernando Haddad, e a equipe de João Doria não se manifestaram sobre os protestos.