Biografia brasileira de Agatha Christie desmistifica dislexia da escritora
Tito Prates tem um currículo incomum: ele é dentista, administrador de empresas, escritor, pesquisador e reconhecido como o "embaixador" brasileiro de Agatha Christie (1890-1976). Mais do que um fã, ele é um profundo conhecedor da obra da Dama do Crime e, agora, lança o livro "From my Heart - Uma Biografia de Verdades" (Editora Illuminare) neste mês de setembro, quando a autora faz aniversário.
Intrépida aventureira e uma mulher à frente de seu tempo, Agatha é ainda hoje a escritora que mais vende no mundo. Se estivesse viva, teria completado 126 anos no dia 15 deste mês, mesmo ano em que se completam 40 anos de sua morte e os cem anos do detetive mais famoso depois de Sherlock Holmes: Hercule Poirot, um de seus personagens mais cultuados.
Tito já é autor de outro livro sobre Agatha Christie: "Viagem à Terra da Rainha do Crime", um guia de viagens pelo Reino Unido com base na vida e obra da escritora, editado em Portugal, pela Chiado Editora, e que agora será distribuído no Brasil. Paralelamente, escreve contos e livros policiais, tendo dois publicados pela Amazon e cinco contos em antologias diversas.
Mas o novo livro traz um gostinho especial: é ele quem assina a primeira biografia made in Brazil de Agatha, com a chancela de Mathew Prichard, neto e administrador do legado da escritora. Em sua nova obra, Tito revela documentos particulares da escritora, garimpados em dois anos de intensa pesquisa.
"Comecei a difundir a página brasileira de Agatha entre países lusófonos e hoje somos a segunda maior comunidade do mundo dedicada a ela, ficando atrás somente da Holanda", conta ele, que é responsável pelo grupo Agatha Christie Brasil e pela página Agatha Christie Brasil & Língua Portuguesa, no Facebook.
UOL - Como você recebeu a chancela de Mathew Prichard, neto e administrador do legado da escritora, para publicar sua biografia?
Tito Prates - Depois que eu escrevi meu primeiro livro sobre ela, eu enviei uma carta para ele. Ele deve ter gostado do que escrevi, pois me enviou um convite para que eu fosse conhecer o arquivo pessoal dele, no País de Gales. Durante essa visita, ele percebeu meu comprometimento com a verdade. Depois que o livro ficou pronto, fui até a casa dele novamente entregar uma versão em inglês e, após a leitura, ele me concedeu a licença.
Você teve acesso ao baú de Agatha por meio de Prichard? O que colocou dele nas verdades de "From my Heart"?
Sim. tudo o que ela escreveu, muitos manuscritos estão lá, também filmes e outras coisas. Acho que o que há de mais importante nos documentos é a comprovação de que Agatha nunca foi disléxica, como inventaram para vender produtos. E que, mesmo escrevendo a mão, desde os dez anos de idade, a grafia dela era correta, com um ou outro erro de ortografia, como qualquer aprendiz e muito menos que algum aluno de escola dessa idade nos dias de hoje. A maior descoberta foi a data correta do primeiro filme feito a partir de um livro dela e os documentos perdidos que comprovaram isso. Die Arbentheuer não é o primeiro filme, ele é de 1929 e não 1928. O primeiro filme é "The Passing Mr. Quinn" (1928).
O livro revela algo que ninguém sabia sobre Agatha?
Muitas coisas. Posso citar a origem verdadeira da famosa frase atribuída a ela, mas que nunca foi dita e negada por Agatha: "Quanto mais velha a esposa do arqueólogo [ela mesma] ficava, mais interessante ela ficava para ele".
Tendo investigado profundamente a vida da escritora, na sua opinião, o que mais faz de Agatha Christie uma mulher à frente do seu tempo?
Ela se supera usando sua incrível curiosidade e necessidade de novidades, torna-se uma pioneira ao escrever histórias em lugares exóticos, surfar no Havaí, experimentar novidades como os primeiros filmes coloridos, as filmadoras, explorar ramos do conhecimento totalmente estranhos a ela e muito fora de sua zona de conforto, ao ponto de escrever um drama psicológico tenso aos 77 anos de idade.
A que atribui o sucesso recente da série "And Then There Were None", da BBC? Certamente não deve ser pelo fato do ator Aidan Turner ter aparecido só de toalha. Agatha Christie ficou mais sexy com Turner?
Não é que ficou mais sexy. A engenhosidade da roteirista Sarah Phelps pesou e muito. Outra obra adaptada e exibida meses antes foi um tremendo fracasso por falha da roteirista. Phelps poliu uma obra-prima e lhe deu mais brilho e uma roupa de atualidade, mesmo ambientada nos anos 1940. Quanto ao Turner, deixo as meninas opinarem sobre isso.
Seu livro será traduzido para o inglês?
Na verdade, ele nasceu em inglês, pois eu precisava dele na língua para obter a licença de publicação. Mas não há previsão, por enquanto, de ele ser publicado por lá. Estamos engatinhando no espanhol primeiro.
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