Bienal da diversidade está em cartaz no Ibirapuera; saiba por que visitar
Logo na entrada do pavilhão Ciccillo Matarazzo, que abriga a 32ª edição da Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera, uma floresta de troncos, cipós e raízes do polonês radicado na Bahia Frans Krajcberg cria um ambiente de transição entre o parque e o interior do prédio, um marco do modernismo brasileiro. Não é a única obra a propor essa relação.
Mais adiante, duas imensas torres da mesma altura, da artista Lais Myrrha, demonstra o contraste entre dois tipos de construção: uma foi erguida com concreto e tijolos, enquanto a outra é de palha e barro. Sob o tema “Incerteza Viva”, a atual edição da mostra, uma das mais importantes da América Latina que abre ao público nesta quarta (07), foi pensada como um jardim, em que temas e ideias se entrelaçam livremente.
“A exposição não está organizada em capítulos, mas em diálogos e questões”, diz o curador Jochen Valz, alemão que desde 2004 também comanda o Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), e estreia no evento ao lado de um time de cocuradores formado por Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars Bang Larsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México).
Assim como no centro de arte contemporânea mineiro, a ideia é que a natureza do parque invada o prédio, que teve obras dispostas em diagonal às paredes de vidro, de forma que boa parte da iluminação venha do exterior. A interação com o verde circundante está presente também em obras já do lado de fora, como a instalação “Arrogation”, de Koo Jeong A, uma pista de skate para uso público construída no parque ou “Sound Mirror”, o imenso gramofone do argentino Eduardo Navarro que conecta acusticamente uma palmeira ao público num dos andares da mostra.
Orçada em R$ 25 milhões, a exposição reúne 340 obras de 81 coletivos e artistas, a maioria mulheres –fato inédito em todas as edições. “É papel da Bienal ser uma plataforma que promove ativamente a diversidade, a liberdade e a experimentação”, disse Volz durante a apresentação do evento à imprensa.
Protesto e discussões
Embora o tema ecológico norteie a seleção, com obras que abordam o aquecimento global, a extinção de recursos e a questão indígena, a instabilidade política também está presente na atual edição –cuja apresentação à imprensa foi interrompida por um protesto de artistas contra o governo Temer, na última segunda (05).
Ao longo dos três meses em que permanecerá aberta ao público, estão previstas sessões de trabalho, apresentações e debates com artistas como Amilcar Packer, na sua “Oficina de Imaginação Política” ou o paraense Bené Fonteles, cuja “Ágora: OcaTaperaTerreiro” consiste numa imensa oca de taipa, que engloba as colunas do prédio, e convidará o público a participar das discussões.
O exame crítico de estruturas políticas, midiáticas e de consumo também estão no cerne de trabalhos como a videoinstalação “Hell Yeah We Fuck Die”, da alemã Hito Steyerl, cujo titulo reúne as cinco palavras mais populares nas músicas da década em inglês ou no vídeo “Heaven”, do gaúcho Luiz Roque, no qual, num futuro próximo, órgãos de saúde levantam a hipótese de que uma nova epidemia de origem desconhecida possa ser transmitida pela saliva de transexuais.
Fique de olho
O restaurante da exposição também é uma obra. Em parceria com redes de produção de alimentos sustentáveis, Jorge Menna Barreto serve um cardápio baseado em plantas em “Restauro”.
Programação pública
Sempre às quintas e sábados, quando funcionará até 22h, a 32ª Bienal abrigará uma programação de shows, conversas, performances, filmes, danças e oficinas de culinária coletiva, dentre outros trabalhos manuais que complementam as pesquisas dos artistas.
Entre as atividades previstas, haverá shows com as cantoras Ava Rocha e Tetê Espíndola, palestras com as ativistas Eleanor Saitta e Elisa Gargiulo, performances da artista Grada Kilomba e uma experiência culinária com a chef e artista Asia Komarova. A programação completa pode ser conferida em www.32bienal.org.br.
Campo sonoro
O projeto da Bienal oferece ao visitante um guia composto pro mais de 40 faixas criadas em colaboração com os artistas da mostra, depoimentos, músicas, leituras de poemas, conversas e narrativas complementares à exposição. Há ainda uma proposta de caminhada desde o portão 3 do Parque do Ibirapuera até a entrada principal da exposição.
É possível acessar em www.camposonoro.32bienal.org.br ou baixar no celular em app.32bienal.org.br.
Serviço
32ª Bienal de São Paulo – Incerteza Viva
Quando: de 07 de setembro a 11 de dezembro de 2016, de terça a domingo (fechada às segundas)
Onde: Pavilhão da Bienal (v. Pedro Álvares Cabral, s/n, Parque do Ibirapuera, portão 3
Quanto: entrada gratuita
Mais informações: www.32bienal.org.br
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