Artistas protestam contra governo Temer em lançamento da 32ª Bienal

Cerca de dez artistas vestindo camisetas com frases de ordem como "Fora Temer", "Temer Jamais" e "Diretas Já" invadiram o salão onde ocorria a entrevista coletiva de lançamento da 32ª Bienal, em São Paulo, para protestar contra o governo Temer. O grupo também fez referência aos 26 jovens que foram detidos no domingo, antes do protesto na Paulista, e ficaram horas sem contato com advogados ou familiares na sede do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

O protesto não provocou confusão e foi bem recebido pelo curador da Bienal, Jochen Volz, que fez discurso exaltando a liberdade de expressão. Entre os artistas que se manifestaram estavam Cristiano Lenhardt, Jonathas de Andrade e Amilcar Packer, criador do Projeto Oficina de Imaginação Política, entre outros, que têm suas obras expostas na Bienal. 

"Isso tudo é apenas o início", disse Volz após o protesto, dizendo acreditar no "papel transformador da arte num cenário de incerteza". O curador da 32ª Bienal, que tem como tema nesta edição "Incerteza Viva" já havia feito referência, no início da sua fala, a uma declaração do presidente Michel Temer ao tomar posse, no dia 31 de agosto, quando afirmou que a "era da incerteza" tinha acabado.

"Queremos falar da incerteza", disse. "A imaginação rebelde da arte se alimenta da incerteza." Volz, que faz sua estreia como curador do evento, também lembrou que no último um ano e meio, quando deu o início aos trabalhos desta edição da mostra, o cenário político se tornou mais instável. "Temos discutido continuamente uma maneira de reagir a essas mudanças."

Com 340 obras de 81 artistas e coletivos de 33 países, esta edição é a primeira da Bienal com maioria de artistas mulheres, o que também foi lembrado durante a entrevista coletiva. A 32ª Bienal de São Paulo abre nesta quarta (07) ao público e fica em cartaz até 11 de dezembro no Parque do Ibirapuera. A entrada é gratuita.