Jim Davis, criador de Garfield, diz que personagem é o "perfeito carioca"
Há controvérsias quando se diz que Deus é brasileiro, mas com certeza podemos afirmar que Garfield, o gato gorducho e viciado em lasanha das tirinhas dos jornais, é carioca.
E quem disse isso foi seu criador, o cartunista Jim Davis, que esteve na San Diego Comic-Con 2016 falando de sua extensa obra e mostrando seu novo livro: “A Arte de Jim Davis”.
A questão da nacionalidade de personagem foi levantada quando a reportagem do UOL perguntou ao cartunista qual era o segredo de seu sucesso no Brasil.
“É muito simples. Eu mostro um espelho para vocês. As pessoas riem das piadas do Garfield porque elas pensam ‘e não é que isso é verdade?’. E nós vivemos um momento em que a gente se sente muito culpado por comer demais, dormir demais, não praticar exercícios. E o Garfield faz tudo isso e nos alivia”, explicou.
Em seguida, o cartunista falou especificamente do Brasil, com o conhecimento de quem já esteve no país algumas vezes e de quem é fã de outro gênio das histórias em quadrinhos: Mauricio de Sousa —“uma das pessoas que eu mais gostei de conhecer na vida”.
“O Garfield é considerado perfeito carioca em seu país. Porque ele ama a boa vida, as coisas boas da vida, o sol, a boa comida. E, na minha opinião, o Brasil é o país, além dos Estados Unidos, onde o Garfield tem mais leitores no mundo."
Durante quase uma hora de conversa, Davis disse que uma das coisas que mais adora é quando leitores descobrem piadas repetidas. “Amo quando as pessoas dizem: ‘ei, você repetiu essa piada em 1982!’. Natural que aconteça, depois de mais de 65.000 tirinhas."
Ele também explicou para um jovem leitor dois grandes mistérios sobre o gato. “Por que Garfield sempre chuta o cão Odie de cima da mesa?” Depois de uma gargalhada, Davis falou: “Esta é uma pergunta que nunca me fizeram. Mas o Garfield chuta o Odie de cima da mesa porque ele está lá o tempo todo!”
A outra pergunta foi: “Por que Garfield gosta tanto de lasanha?” “Porque eu adoro lasanha! É meu prato favorito! E é inusitado um gato ser louco por lasanha. E funcionou!”
O cartunista falou ainda porque sua primeira tirinha foi recusada: "Gnorm and Knat". “Desenhei por cinco anos. Mas sempre que tentava usá-lo para tentar me sindicalizar, não funcionava porque os editores achavam que ninguém ia se identificar com um inseto. Os cães, como Snoopy, estavam indo muito bem. Mas ninguém desenhava gatos. Achei que era uma boa ideia.”
Nada de seres humanos
Humanos, no entanto, nunca estiveram em seu repertório. “Tom Ryan tinha o cowboy Kid Farofa, e toda vez que a Ermengarda Epyphania, a única mulher da cidade, tentava ‘pegá-lo’, [o cartunista] recebia cartas ferozes das Associação Nacional das Mulheres. Tinha índios andando com o cowboy, e ele também recebia cartas ofensivas de pessoas sensibilizadas com a questão indígena. E eu tinha que responder às cartas. Aí pensei que não queria desenhar pessoas para não ter que responder essas cartas. Gatos são melhores!”
No início da cerimônia, Jim Davis foi agraciado pela Comic-Con com o Inkpot Award pelo conjunto de sua obra para as artes em quadrinhos. Em seguida falou como gostaria de ser lembrado.
“Uns dias atrás, vi uma entrevista do ator Garry Marshall [morto em julho deste ano] dizendo que gostaria de ser lembrado como alguém que fazia as pessoas rirem. Ele dizia que não ia mudar o mundo, mas que podia fazer a vida das pessoas mais fácil. E eu pensei que é isso mesmo que eu tenho tentado fazer através dos anos. E eu me divirto muito fazendo. Se eu me divirto, consigo fazer as pessoas se divertirem.”
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