Após ter história real contestada, Talese diz que livro deve ser corrigido
O jornalista e escritor americano Gay Talese lamentou que parte dos relatos de seu novo livro-reportagem, "The Voyeur’s Motel" ("O Motel do Voyeur", em tradução livre), tenha sido contestada pelo jornal americano "Washington Post", afirmando que a história, cujo lançamento está previsto para 12 de julho, deve ser corrigida em futuras edições.
A obra, que teve um trecho publicado este ano na revista "The New Yorker", causando grande repercussão, é baseada nos diários de Gerald Foos, antigo dono de um motel em Aurora, no Estado do Colorado, que por décadas espionou clientes mantendo relações sexuais.
Segundo o "Washington Post", Foos, na verdade, não era o dono do estabelecimento durante alguns dos anos em que afirmou ter praticado a espionagem, feito a partir de um teto com grelhas de ventilação falsas.
Segundo o jornal, que teve acesso aos registros do estabelecimento, o empresário vendeu o motel em 1980, comprando-o de volta oito anos mais tarde. No livro, há registros de 1966, mas, segundo os documentos, o local só foi adquirido por Foos em 1969.
Ainda de acordo com a publicação, Foos não só não era o dono do motel naquela época como, diferentemente do que afirmara, também não tinha acesso aos quartos. O novo proprietário, inclusive, teria reformado o teto falso.
No início do ano, Talese deu entrevistas afirmando que havia chegado a um acordo econômico com Foos para ter acesso a seus diários, onde ele registrava suas espionagens.
Foos, que hoje tem 82 anos, contatou Talese e revelou a história ao escritor nos anos 1980. Após ser revelada, a história causou polêmica pois Talese chegou a participar de sessões de espionagem e tomou conhecimento de um assassinato ocorrido no motel, sem o denunciar.
Nesta terça, Talese, de 84 anos, havia afirmado ao "Washington Post" que abandonaria a divulgação do livro, afirmando que Gerald Foos não é uma pessoal confiável.
"Eu estava chateado e provavelmente disse algumas coisas que não são verdade. Mas vou ser claro: não estou renunciando ao livro, nem meu editor. Se há detalhes para corrigir em edições posteriores, vamos fazer isso", disse Talese em entrevista ao jornal "The New York Times" publicada nesta sexta (1º).
Apesar da repercussão do caso, a data de lançamento de "The Voyeur’s Motel" nos Estados Unidos, por ora, não foi alterada: chega às lojas dia 12 de julho. Segundo a editora Grove/Atlantic, a decisão tem a ver com o fato de a maioria dos casos ter acontecido antes dos anos 1980.
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