Marcelo Calero assume Ministério da Cultura falando em preservar conquistas
O ex-secretário de Cultura do Rio de Janeiro, Marcelo Calero, tomou posse nesta terça-feira (24) como ministro da Cultura do governo interino de Michel Temer afirmando que irá "preservar conquistas" e "garantir a continuidade" das políticas culturais bem-sucedidas do governo anterior.
Em resposta às críticas da classe artística provocadas após a decisão de Temer de extinguir a pasta e fundi-la ao Ministério da Educação em sua primeira reforma ministerial - decisão revogada no último sábado -, Calero procurou despolitizar a questão. "O partido da cultura é a cultura, não qualquer outro", disse.
"Estaremos sujeitos sempre àquilo que a sociedade demanda, nunca a serviço de um projeto de poder. O financiamento público é uma ferramenta imprescindível para que a cultura cumpra sua tarefa elementar de sustentação da nacionalidade", afirmou.
Calero destacou que quer marcar sua gestão por um "amplo, franco e produtivo" diálogo com os mais diversos segmentos da cultura. "Um diálogo que não seja um fim em si mesmo, mas que resulte em melhorias efetivas. Serei o ministro do diálogo, da ampliação da participação social, da busca de soluções que sejam fruto do debate e do entendimento", acrescentou.
Pluralidade e democratização
Talvez como resposta aos que acusaram os artistas que protestavam contra o fim do MinC (Ministério da Cultura) de serem "vagabundos", o ministro afirmou que "os artistas são trabalhadores que tecem os fios que desenvolvem a economia do País".
"Cabe ao Estado brasileiro criar condições que democratizem o acesso à cultura", afirmou. Calero também destacou que o modelo de financiamento será aprimorado considerando a regionalização dos projetos e citou a continuidade do Plano Nacional de Cultura --metas para o setor, a serem atingidas até 2020.
O novo ministro abriu o discurso citando o samba "Aquarela Brasileira", de Silas de Oliveira. Por mais de uma vez, Calero disse que é necessário valorizar a pluralidade. "Reconhecer a importância da cultura é reconhecer o papel de todos que criam e produzem representações", disse, citando como manifestações culturais o samba, o funk, o sertanejo universitário e o passinho, entre outros.
Calero afirmou ainda que zelará pelo fortalecimento institucional e, a despeito da situação financeira difícil, agradeceu a Temer pela recriação da pasta. "Agradeço a Temer por devolver à cultura o espaço elevado à altura de suas atribuições".
Recuo
O presidente interino Michel Temer discursou logo após o novo ministro. "Foi o Mendonça Filho que me trouxe o Marcelo Calero para dirigir a área da Cultura. Fui verificar e vi que no Rio ele conseguiu fazer um trabalho extraordinário. Em sua gestão ele conseguiu reunificar todo o setor cultural e deu-lhe grande desempenho", disse Temer.
Temer lembrou que, ao contrário dos demais ministros, a posse de Calero ocorria de forma individual e especial. "Essa é a posse mais solene de todos os ministros, que foram empossados de maneira completamente informal. É interessante observar que certos fatos que, embora pareçam equivocados no primeiro momento, geram fatos muito positivos", discursou.
O presidente interino afirmou que com a cerimônia de posse individualizada do novo ministro estava "homenageando toda a cultura brasileira". Assim como o novo ministro, Temer disse que a cultura não pertence a partidos nem a ninguém, mas ao conjunto do país.
Temer também voltou a afirmar que irá quitar os débitos do governo na área cultural. "Há um débito com a cultura de mais de R$ 200 milhões. E eu estou dizendo que vamos quitar esse débito em parcelas ainda este ano".
Apoio
O cineasta Cacá Diegues, que compareceu a cerimônia, disse que a posse de Calero era um reconhecimento da classe artística. "Fui o que mais escreveu contra a extinção do Ministério, vim aqui para celebrar o reconhecimento", disse. O cineasta destacou o trabalho de Calero no Rio e afirmou que agora é o momento de a classe artística colaborar para que seu trabalho na pasta dê certo.
Além de Cacá Diegues, poucos artistas compareceram à posse de Calero, como a atriz e diretora Carla Camurati e o ator Odilon Wagner.
Marcelo Calero era secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro e estava no cargo desde o ano passado. Ele tem 33 anos e ingressou na carreira diplomática em 2007. Em 2013, foi cedido à prefeitura do Rio para trabalhar na gestão do prefeito Eduardo Paes. No município, Calero comandou as comemorações dos 450 anos da capital fluminense.
* Com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo
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