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Escolha de secretário da Cultura não acalma artistas; veja as reações

Gregório Duvivier, Milton Gonçalves e Rosamaria Murtinho foram alguns dos artistas que opinaram sobre o novo secretário da Cultura - Divulgação, Photo Rio News, AgNews
Gregório Duvivier, Milton Gonçalves e Rosamaria Murtinho foram alguns dos artistas que opinaram sobre o novo secretário da Cultura Imagem: Divulgação, Photo Rio News, AgNews

Do UOL, em São Paulo e no Rio

19/05/2016 13h46

O governo interino anunciou nesta quinta-feira (18) o novo secretário da Cultura, que, com a extinção do MinC (Ministério da Cultura), agora está subordinado ao MEC (Ministério da Educação e Cultura). O nome de Marcelo Calero, ex-secretário da Cultura da cidade do Rio de Janeiro, foi anunciado após a recusa de ao menos cinco mulheres convidadas para o cargo, e o novo secretário assume em meio a manifestações de artistas contrários ao fim do MinC.

Ainda é cedo para saber como será a atuação de Calero, mas junto à classe artística sua nomeação não trouxe consenso e nem parece que vai acalmar os protestos. Entre os artistas consultados pelo UOL, a maioria ainda se mantém firmemente contrária à extinção do MinC, e alguns dizem considerar "ilegítima" qualquer ação do governo interino comandado por Michel Temer.

Veja a seguir o que os artistas têm a dizer sobre o assunto:

Anna Muylaert (cineasta):
"Não tenho nada a dizer sobre ele pois não o conheço e não considero legítimas todas as ações deste governo interino".

Gregório Duvivier (ator e comediante):
"Esse governo não é legítimo, assim como seus ministérios. Qualquer pessoa que aceite um ministério ou secretaria desse governo interino ficará para a história como parceiro de um golpe. Não é à toa que todos que tinham uma relação mais estreita com a cultura ou com a classe artística rejeitaram o convite".

Beth Goulart (atriz):
“O importante são as ações a serem realizadas. Mais do que ser um Ministério ou uma Secretaria, é preciso saber se vamos ter uma verba maior, se vamos poder contar com atitudes que vão suprir as necessidades que temos de um olhar mais forte para a cultura brasileira. Temos que ter atitudes efetivas e reais. Não conheço profundamente o trabalho do Marcelo Calero para poder fazer uma análise. Não sei dizer sobre as propostas, mas eu espero que sejam boas”.

Osmar Prado (ator):
“Eu não conheço o Marcelo Calero. Eu sou contra essa secretaria. O Ministério da Cultura não pode ser fechado. Acho que se houver resistência, provavelmente com esse governo interino, existe inclusive até uma possibilidade de intervenção do próprio vice-presidente da República, esse governo não tem legitimidade para tomar esse tipo de atitude. Vai haver uma grita geral e já está havendo uma tomada de posição contra essa atitude de se acabar com o MinC. Acho que tem que haver uma resistência porque esse governo não é legítimo.”

Milton Gonçalves (ator):
“Ele foi secretário de Cultura. Já encontrei com Marcelo Calero uma vez, conversamos, trocamos figurinhas e só. Nessa altura da vida, eu acho que o que nós pudermos fazer para melhorar a cultura brasileira, nós temos que fazer o máximo. Essa coisa de ao invés de ser ministro passa a ser secretário é coisa de governo. Se fosse ministro seria melhor, mas sendo um secretario competente, ele vai preencher o espaço de um ministro. Na minha modesta opinião e avaliação, a gente tem que pegar o que foi dado e transformar uma cerveja em um belo dum uísque. O importante é qualidade do serviço que um secretário ou ministro faça, traga para a população”.

Tonico Pereira (ator):
"Não conheço o Marcelo Calero, não tenho como opinar. Sobre o extinção do Ministério da Cultura, sem dúvida é um retrocesso. Acho que a ilegitimidade leva a isso também. Não é só cultura, acho que tudo está um retrocesso. Não consigo nem agir pensando só na cultura porque seria um corporativismo tão ruim quanto qualquer outro. Tudo está ruim, tudo piorou".

Rosamaria Murtinho (atriz):
"Não conheço o Marcelo Calero. O MinC tinha 0,66% da verba, sempre foi muito ruim. Não acho que vai ser pior como MEC, é difícil a gente falar sobre hipóteses. O MinC não estava bom. O Juca Ferreira queria acabar com a Lei Rouanet, que é a única coisa que nos permite montar uma peça, porque na bilheteria é tudo meia entrada. O MinC não estava bom, não sei se junto com o MEC vai ficar pior ou melhor. Vai depender do ministro, do secretário. Vai depender do secretário ter vontade política. Se tiver vontade política, na minha opinião, não sei se vai fazer diferença ou não. Se o MinC estivesse maravilhoso, se não estivesse cheio de críticas dos artistas, até podia dizer para continuar o que está bom, mas não estava bom".