Obra com super-heróis em poses sexuais acende polêmica em galeria
A obra "Lick Me" (Lamba-me, em tradução livre), da artista paulistana Adriana Mattos, reúne todos os componentes da controvérsia: sua estrutura é um letreiro de acrílico gigante cujas paredes são compostas de mini-cabines com bonecos de super-heróis fazendo sexo, em alguns momentos em situações-tabu. Um Superman em plena posição de voo recebe sexo oral de um sidekick (um herói auxiliar, um menino). A Mulher-Maravilha ataca uma parceira com sofreguidão. Wolverine põe as garras de fora enquanto recebe um "blow job".
Adriana integra a coletiva Origem e Tempo, mostra que abriu ontem na Galeria Rabieh, nos Jardins, com curadoria do sino-americano Burt Sun (que já realizou trabalhos para o Smithsonian Institute, Brooklyn Museum e dezenas de outras instituições dos Estados Unidos). A exposição integra a 12ª edição da feira SP-Arte, que reúne 140 galerias do Brasil e do mundo em toda a capital. A artista, que veio do mundo da moda, já mostrou trabalhos na Pinta Fair, em Londres, em 2013, e costuma fazer uso da cultura pop (letras de Cazuza ou Beatles, por exemplo) e objetos do cotidiano para releituras irônicas, não raro sarcásticas, em suas peças.
Adriana fez a obra há quatro anos como parte de uma série erótica batizada como "Toda Maneira de Amor Vale a Pena", cujo título define sua proposição. Diz que não registrou manifestações de desagrado, que as pessoas em geral entendem que se trata de arte, e afirma que um componente-chave de seu trabalho é sempre o senso de humor. "Senão a vida fica muito chata, não acha?".
Sobre a sugestão de um Superman gay, a artista responde: "Quem pode dizer que ele não é?". Ela é admiradora do trabalho do veterano Nelson Leirner, de quem possui uma obra, e acha que sua linguagem é devedora de muitas influências, começando pela pop art de Andy Warhol (de onde vem o apreço pelos materiais levemente déjà vu, como o acrílico colorido).
Burt Sun, curador da exposição que contém as peças de Adriana Mattos, considera que, com a série de atos sexuais, a artista contribui para humanizar a figura do super-herói, hoje presente em toda a cultura moderna, dos blockbusters a reality shows. Uma ação oposta à de glamourizar celebridades como Kim Kardashian, ele diz, o que dá o tom de relevância da peça.
"Pergunto a mim mesmo: onde nossa fantasia começa e onde termina?", diz Sun. "Acho que Adriana demonstra um grau de profunda autorreflexão sobre o ser humano contemporâneo, um grau maior do que ela esteja disposta a admitir. O que torna ela e seu trabalho ainda mais adoráveis", conclui.
Além de Adriana Mattos, a coletiva da Galeria Rabieh, sob curadoria de Burt Sun, reúne 16 artistas, entre eles Eduardo Srur, Sergio Machado, Cris Bierrenbach, Nino Cais, Juvenal Pereira, Bel Borba e outros.
Serviço:
Origem e Tempo: a experiencia de tocar o tempo em 3,5 dimensões
Quando: seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 18h; até 30/4
Onde: Galeria Rabieh - al. Gabriel Monteiro da Silva, 145, Jardim América, São Paulo
Quanto: Grátis
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