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Com obra mais madura, artista do ABC quer fugir da comparação com Ron Mueck

Roseane Aguirra

Do UOL, em São Paulo

01/04/2016 07h00

Comparado ao artista hiper-realista australiano Ron Mueck, o brasileiro Giovani Caramello, de apenas 25 anos, lança nesta sexta-feira (1º) uma nova exposição com cinco obras inéditas, na OMA Galeria, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Apesar da pouca idade, sua obra já mostra um amadurecimento em relação a outras exposições – realizadas em 2015, na OMA, e em 2014, no Museu de Santo André – e o artista prefere fugir de comparações com Ron Mueck.

"Eu não gosto nem um pouco", diz Caramelo, rindo, em entrevista ao UOL. "O que eu mais quero é me distanciar dela, porque quando fazem a comparação, jogam seu trabalho lá no chão e acaba desvalorizando o artista. No começo foi interessante, as pessoas vinham ver as obras por causa disso. Mas a partir dai, quero fazer uma coisa diferente do dele", conta.

As diferenças já podem ser vistas nas novas obras, feitas em resina e não mais em silicone, com cabelos e olhos pintados, e não mais com fios reais. "Ela continua realista, mas não tem a pegada hiper-realista", comenta o artista, que levou seis meses na produção.

"É uma coisa mais conceitual, que transmite o que eu queria passar. Quando eu fazia testes em silicone, as pessoas comentavam sobre a técnica e nunca iam para a segunda camada, para saber o que a técnica está dizendo... Agora elas ficam olhando e se perguntam mesmo, começou um questionamento do que aquilo quer dizer", explica.

Para criar as obras, Giovani, que é autodidata, estuda anatomia, pega referências de fotos, desenhos que ele mesmo faz e modelos vivos. "Geralmente sempre começa com algum conceito por trás, depois eu vou pensando na forma, na pose e no tamanho da escultura".

Temas como apego, sofrimento e equilíbrio aparecem na exposição, que está montada como uma linha evolutiva. Ao final, o que o público vê é a obra "Ascensão", que mostra um homem olhando para o alto, quase levitando. "Ele está desprendido da coisa material, como se estivesse ascendendo mesmo", conta Caramello.

Em outro momento da mostra, é possível a escultura "Desdobramento" que, segundo Caramello, "dá ideia do autoconhecimento". Nela aparecem dois homens, um em frente ao outro, apoiados e equilibrados pela cabeça. Se um saísse, o outro cairia.

Mais maduro e consciente da sua produção, Caramello pretende continuar fortalecendo a personalidade de sua arte. Um dos planos é estudar modelagem e escultura na Itália, abandonando cada vez mais no passado o trabalho com silicone.

Serviço
1ª Exposição individual de Giovani Caramello, na OMA Galeria
Quando:
Abertura dia 1º de abril, às 19h. Até 25 de maio de 2016
Horário: Visitação de terça a sexta, das 10h às 19h; aos sábados, das 10h às 14h
Onde: OMA Galeria - rua Carlos Gomes, 69, centro, São Bernardo do Campo (SP)
Quanto: Gratuito
Classificação livre
Mais informações: www.omagaleria.com