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Escritor Umberto Eco é velado em cerimônia laica em castelo de Milão

Do UOL, em São Paulo*

23/02/2016 12h09Atualizada em 26/02/2016 12h27

O corpo do escritor italiano Umberto Eco, morto na última sexta-feira (19) aos 84 anos, foi velado em uma cerimônia laica no Castelo Sforzesco, em Milão, cidade em que ele morava na Itália.

O funeral durou cerca de 1 hora e meia e foi marcado por discursos de amigos, autoridades e a execução ao vivo de de "La Follia" de Arcangelo Corelli, música clássica que Umberto Eco costumava tocar com um clarinete na companhia do acordeonista Gianni Coscia.

O corpo estava disposto em um caixão simples e inteiramente coberto por flores no pátio do castelo. No local, a família e os convidados acompanharam a cerimônia, que foi conduzida por Mario Andreose, amigo e editor histórico de Eco. Centenas de pessoas acompanharam o funeral do lado de fora do castelo.

Emissoras locais e o site do jornal "La Repubblica" fizeram a transmissão ao vivo. Estavam presentes o ator e diretor Roberto Benigni, os ministros da Cultura e da Educação italianos, o prefeito de Milão, o reitor da Universidade de Bolonha (onde Eco era professor emérito), entre outros amigos e autoridades. O presidente da Itália, Sergio Mattarella, enviou uma coroa de flores.

Antes de entrar no castelo, Roberto Benigni conversou com a imprensa. "Eco chegava e era como um vento. Ele fazia bem ao mundo [...] Pessoas como ele são mais necessárias na terra do que no céu", declarou o ator e diretor vencedor do Oscar por "A Vida É Bela". 

Mario Andreose iniciou a cerimônia pouco depois das 11h da manhã (15h do horário local), seguido pelo prefeito de Milão, Giuliano Pisapia. Pisapia destacou o amor de Eco pela política e a capacidade dele de unir diversos mundos, como o político e o acadêmico, e de falar com todos e para todos. "Obrigada por mostrar ao mundo a nossa grandeza de uma cidade internacionalmente acolhedora. Você é um grande orgulho não só para Milão, como para toda a Itália", destacou o prefeito.

Em seguida, Dario Franceschini e Stefania Giannini, ministros da Cultura e da Educação da Itália, fizeram seus discursos. Franceschini, afirmou que Eco contava com "uma biblioteca dentro de si mesmo" e agradeceu ao autor de "O pêndulo de Foucault", a quem chamou de "mestre", por "ter sido cauteloso durante toda sua vida fora de sua janela". Para Giannini, "Eco é o símbolo daquele classicismo inovador do qual há tanta necessidade e do qual a Itália é portador no mundo".

Francesco Ubertini, reitor da Universidade de Bolonha, deu um depoimento emocionado sobre os anos em que Eco esteve presente na instituição e a influência dele sobre os alunos e docentes. "Uma memória que conservaremos com orgulho e que com orgulho trasmitiremos", declarou Ubertini.

Após os discursos, foi entoada "La Follia" enquanto o caixão deixava o local sob aplausos. O corpo foi seguido por amigos e familiares do escritor até o lado de fora do Castelo Sforzesco, onde a população aguardava para dar um último adeus a Umberto Eco.

Nos últimos instantes antes do caixão ser colocado no carro funerário a mulher de Eco, Renata, depositou um ramo de flores sobre o corpo. A pedido do autor, o corpo será cremado em uma cerimônia privada.

Grande intelectual, filósofo, semiólogo, linguista e historiador, Umberto Eco ganhou fama mundial com o livro "O Nome da Rosa", um relato policial medieval e erudito, que foi adaptado para o cinema pelo diretor francês Jean-Jacques Annaud.

Seu último livro, "Pape Satan Aleppe", será lançado na Itália na sexta-feira (26). A obra reúne textos publicados desde o ano 2000 na revista "Espresso". 

*com informações da agência EFE

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Vera Lúcia Costa Cruz Moreira

Intelectuais como Umberto Eco, atualmente no mundo são raros.

Colecionista

A mídia parece ter medo de dizer que ele era ateu. Sim, ele foi um dos maiores escritores de todos os tempos e, como outras grandes inteligências da Humanidade, era ateu. Viva Humberto Eco!

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