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Para quadrinistas, presença feminina traz mais diversidade nas histórias

Superman e a Mulher-Maravilha  - Reprodução/Hitfix
Superman e a Mulher-Maravilha Imagem: Reprodução/Hitfix

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

06/12/2015 15h17

O mundo dos quadrinhos pode ser tratado como um "clube do bolinha" por parte do público, mas as mulheres já são uma presença forte nos bastidores - e essa presença contribui tanto para ampliar a diversidade de histórias como para inspirar aquelas que querem seguir na área, de acordo com as quatro quadrinistas que falaram no painel "Mulheres na Cultura Pop", da Comi Con Experience (CCXP), em São Paulo.

Responsável pela nova fase da Mulher Maravilha na DC, Meredith Finch citou a importância de Gail Simone, uma das pioneiras desse universo. De acordo com a quadrinista, a presença de mulheres tem trazido novas perspectivas para o gênero. "As pessoas estão mais abertas a ver mulheres tomando a frente nas histórias e a criar coadjuvantes com mais conteúdo. Isso abre o mercado para nós e para o que podemos fazer. Nem todo mundo quer ler a Supergirl o tempo todo. Para mim, o cenário ideal é como na Europa: há quadrinhos de drama, western, guerra - é isso o que as mulheres estão abrindo quando entram nos quadrinhos".

Roteirista da DC, Amy Chu acredita que as histórias mais focadas em homens e que trazem o fenômeno das "mulheres na geladeira" (quando as personagens femininas sofrem violência para justificar o arco do protagonista) acabam cansando o público. "Esse tipo de história cansa, por isso acho que uma presença maior de mulheres, negros e pessoas de outras minorias étnicas vai criar histórias mais interessantes. É muito danoso quando todo mundo continua a escrever só esse tipo de história."

Para a brasileira Cris Peter, muitas meninas e mulheres se afastaram do universo dos quadrinhos justamente por não se verem representadas. "A gente não precisa mais ficar orbitando em torno do nosso umbigo. A falta de mulheres leitoras e criadoras se deve muito ao fato de que essas histórias foram escritas por homens brancos. Mas isso já cansou. O nosso objetivo é fazer o mesmo que os homens fizeram antes: mostrar novos pontos de vista e trazer personagens com que as pessoas se identifiquem."

Inspiração

As quadrinistas também ressaltaram que é importante ter mulheres no meio para incentivar aquelas que querem entrar na área. A desenhista Erica Awano falou que sente isso quando ouve muitas jovens dizendo que se tornaram quadrinistas por sua causa. "A gente tem os nossos perrengues, as nossas dificuldades, como acontece em todas as áreas, mas o importante é mostrar que há mulheres e fazer as meninas acreditarem que é possível seguir seus sonhos", afirmou.

As reações das fãs também mostrou a Amy a importância de falar sobre seu trabalho em eventos como a CCXP e outras convenções de cultura pop. "Depois deles, sempre recebia mulheres dizendo que estavam inspiradas por verem outras fazendo o que elas querem fazer. Mesmo ocupada, acho importante participar desses painéis".

A roteirista ainda aconselhou as mulheres a serem mais assertivas na hora de vender seu trabalho: "Na maioria das vezes os homens já têm um número na cabeça, e as mulheres ficam felizes só de serem publicadas. É importante que as pessoas saibam os valores pagos para entrar em pé de igualdade".