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Best-seller, Carina Rissi reúne na Bienal garotas que não gostavam de ler

Rodrigo Casarin

Colaboração para o UOL, no Rio

03/09/2015 19h33

Fãs calorosos, quase sempre adolescentes, que conhecem cada vírgula das histórias e que gritam, vibram e se emocionam ao falar com os seus escritores favoritos. Esse cenário tem sido cada vez mais comum em eventos literários de massa pelo país e provavelmente é Carina Rissi a primeira escritora a atrair esse público à 17ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que começou nesta quinta-feira (3) e vai até o próximo dia 13 de setembro.

A paulistana, que entrou nas listas de mais vendidos no ano passado, falou para dezenas de leitores no final da tarde no Cubovoxes, uma das áreas destinadas a esses encontros dentro dos pavilhões do Riocentro. Ao pedirem o microfone, diversos fãs revelaram que não tinham o hábito, não gostavam ou até mesmo detestavam ler antes de conhecer a obra da escritora. Uma delas, inclusive, afirmou que conheceu Jane Austen, uma das principais referências de Carina, e a literatura inglesa por conta da autora.

"Realmente amo a Jane Austen. Não sei o que me cativa tanto, mas sou obcecada por ela. Esta semana fiz 15 anos de casamento, há algum tempo tinha mostrado um anel que era da Jane para o meu marido, aí agora ele apareceu com um exatamente igual. É uma pena que a obra dela já esteja acabada, fico na esperança de encontrarem algum manuscrito dela", disse Carina, cujo principal trabalho é a série "Perdida". O livro apresenta Sofia, uma garota avessa ao casamento mas que, após comprar um celular, é misteriosamente enviada ao século 19, onde vive uma história de amor com Ian. O terceiro livro da série, "Destinado", será lançado no final deste mês e focará nas memórias secretas do galã.

Carina Rissi

  • Então veio o depois, quando conheci Sofia. Bastou um olhar, apenas um olhar, para que eu perdesse o coração, o fôlego e também o raciocínio. Eu amei desde o primeiro instante, mesmo que ainda não soubesse disso. E, sendo Sofia como é, entrou em minha vida feito uma carroça desgovernada, atropelando-me, fazendo-me entender coisas que ainda eu não compreendia e me sentir tão feliz com isso que às vezes doía

    Trecho de "Destinado", terceiro volume da série "Perdida"

A inspiração para os romances históricos, com personagens que vão e voltam no tempo, veio de um dia que Carina precisou preparar uma lasanha congelada. Ao colocar a comida no micro-ondas, a energia acabou e ela ficou sem saber o que fazer. "Minha mãe disse que eu deveria cozinhá-la em banho-maria, mas eu nem sei o que é isso", contou, arrancando risos da plateia. Começou, então, a imaginar como era a vida antigamente e surgiu ideia de aproveitar as divagações para um livro, e daí surgiu a coleção.

No primeiro título da série a protagonista aparece na capa do livro com vestido branco de casamento e usando um All Star vermelho. Ao perguntarem quem ali na plateia vislumbrava casar daquela forma, boa parte das garotas --a maioria do público-- levantou a mão.

Carina no cinema

O papo começou com Carina falando sobre a adaptação de "Perdida" para as telonas, projeto anunciado em 2013 mas que se arrasta até agora. "Ouve esse probleminha com a Petrobras, que era o grande parceiro do cinema, então as coisas deram uma parada. Mas uma grande produtora internacional resolveu apostar no filme. Ainda não fechamos o contrato, por isso não posso dizer o nome, mas eles querem fazer uma coisa grandiosa. Tudo acontecendo, deve sair no primeiro semestre de 2017", explicou.

A autora vem ajudando na adaptação do livro para o roteiro que norteará as filmagens e disse que se surpreendeu com a complexidade do trabalho. "Já sabia escrever, então achei que seria fácil fazer o roteiro, mas não foi", contou, argumentando que a câmera não capta sentimentos e pensamentos. Também revelou que adoraria ver o ator Marco Pigossi como o mocinho da história, mas fez questão de grifar que isso é somente um desejo, que não há nada encaminhado nesse sentido.

Ainda sobre adaptações, há a intenção de que o livro "Procura-se Um Marido" também seja transformado em filme ou série. A obra está nas mãos de uma desenvolvedora de conteúdo que busca por interessados em participar do projeto.