Atração da Bienal do Livro, autor de "Um Dia" quer ver Rio além dos clichês
David Nicholls é um sucesso mundial. O escritor inglês de 48 anos virou best-seller por conta do romance "Um Dia", que lançou em 2009 e que virou filme dois anos depois. Impulsionado pela boa recepção, ele lançou "Nós" no ano passado. E é sobre esses dois trabalhos que o autor vem ao Brasil para falar na 17ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro, onde terá um encontro com leitores no sábado (5), às 18h. O evento abre as portas para o público na próxima quinta-feira (3) e vai até o dia 13 de setembro.
Nicholls tem viajado para promover suas obras, mas será sua primeira vez no Brasil. "Fico envergonhado por não conhecer quase nada do país. Eu realmente não viajei durante meus 20 e 30 anos. Eu tinha tempo e liberdade, mas não tinha dinheiro ou motivos, então nunca estive na América Latina, na Ásia e na África", ele disse ao UOL, acrescentando que suas percepções do país são baseadas somente em filmes que assistiu.
Sobre o Rio de Janeiro, onde fará sua base para o evento, ele tem um ponto. "Estou ansioso para conhecê-lo além dos clichês, mantendo a cabeça aberta. Também estou interessado em ver como, depois de Londres, outra cidade olímpica está lidando com as grandes mudanças que o evento trás".
Best-seller
O intervalo de cinco anos entre "Um Dia" e "Nós" deu a Nicholls uma visão mais madura sobre seu próprio trabalho, tanto por conta do tema principal quanto pelo tom e estilo empregados. "Os dois trazem histórias de amor que misturam a comédia com a tristeza, e falam de como o amor muda o tempo todo. 'Um Dia' é sobre o amor e a amizade quando estamos formando nossa personalidade adulta. Já 'Nós' é sobre o que vem depois, casamento, paternidade, como crianças mudam as pessoas e seus relacionamentos", disse. O escritor diz que a família está por trás de 'Um Dia', enquanto 'Nós' é uma história de amor familiar. "Se em 'Um Dia' a questão é se eles vão ficar juntos, em 'Nós' ela se torna se eles vão continuar juntos", explica.
No romance mais recente, Douglas, o protagonista, aposta em uma viagem para tentar revitalizar seu relacionamento. Entretanto, diferente do que projetava, o passeio acaba não sendo exatamente perfeito. "Acredito que todos nós temos expectativas irreais sobre viagens. Se a mudanças de paisagens podem nos inspirar e nos trazer algo de novo, também há um lado estressante, exaustivo e que pode ser até frustrante", diz o autor, que procura conectar essas duas pontas em "Nós": "Há as maravilhas das antigas cidades europeias, mas também as limitações do que a viagem pode fazer por nós".
Nicholls baseou sua vida na arte. Formou-se em literatura e teatro, escreveu peça que se tornou filme e, como roteirista, já recebeu duas indicações ao prêmio da Bafta (British Academy os Film and Television Arts). Foi enquanto era ator, no entanto, que teve uma experiência decisiva para que se tornasse escritor: um trabalho em uma livraria. Antes disso, não gostava da ideia de se definir assim --achava até um pouco pretensioso se dizer escritor.
"Eu amo escrever, mas onde no mundo alguém vive de fazer isso? Esses anos na livraria preencheram o período meio dormente que alguns de nós temos depois da faculdade, tempo de pensar, se preocupar, fantasiar. Eu li muito durante esse tempo, conheci algumas pessoas maravilhosas, apaixonadas por livros, filmes, ideias, política, e isso foi uma espécie de continuação do meu tempo de universitário", lembra. "Isso confirmou meu amor por livrarias como lugares que apresentam novos escritores e novas ideias", continua Nicholls.
Diferentes formas de escrever
Para o autor, o cerne do cinema, do teatro, das séries de televisão e da literatura é o mesmo. Mas na hora de pensar essas histórias e colocá-las no papel, as particularidades de cada formato aparecem. "Fico surpreso em como há coisas que você pode colocar em uma página, mas são impossíveis de pôr numa tela. Há histórias que naturalmente cabem num palco, outras que requerem uma narrativa em forma de prosa. Mas todas essas formas têm a capacidade de nos fazer rir, nos emocionar, nos aterrorizar e eu acho todas elas infinitamente fascinantes".
Nicholls aponta o romance escrito como um objeto acabado, enquanto roteiros de filmes são como uma espécie de manual de instruções que depende de dezenas de outras pessoas para que se transforme, de fato, em algo. "O filme concluído é totalmente diferente do que o roteirista imaginou quando escreveu. Nesse aspecto o romancista é inteiramente responsável por tudo, não precisa se preocupar com as colaborações, elenco, música, orçamento ou prazos. Por isso eu amo o processo de criação de romances quando ele está fluindo bem".
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