Sob lona de circo, 1ª Festa do Peão de Barretos encheu saco de dinheiro
Em 1955, vinte jovens da região de Barretos, no interior de SP, se reuniram em um bar com a intenção de criar uma festa do peão. Eles gostavam da agitação dos rodeios que existiam então, mas achavam que eram muito desorganizados, ligados principalmente às exposições de gado e sem critérios competitivos. Para participar da sua confraria, fixaram principalmente três critérios: tinha de ser maior de 21 anos, solteiro e "independente financeiramente".
Hoje, 60 anos depois, estão vivos apenas seis daqueles fundadores: Antônio Renato Prata, Horácio Tavares de Azevedo, Hosny “Nenê” Daher, José Brandão Tupynambá, Orlando Araújo, Paulo Pereira e Rubens Bernardo de Oliveira. Todos octogenários, estiveram juntos recentemente em uma festa para comemorar os 60 anos da festa.
Aos 86 anos, o agrônomo Antônio Renato Prata, que foi o primeiro presidente da associação, ainda se espanta com o tamanho do evento que criou, hoje o maior do gênero na América Latina. “Na primeira festa, a gente tinha muito medo de não emplacar. Compramos a lona do circo mas tava todo mundo receoso de não dar o resultado que a gente esperava”, conta.
O prêmio para o primeiro colocado no rodeio era um arreio com baldrana e pelego, cabeçada e capa de lã – na época, a capa de lã era um item obrigatório nas lides com o gado.
Prata, criador de gado de elite na região de Presidente Prudente, lembra que um dos fundadores, Abdo El Karim Gehma, ficou encarregado da bilheteria. Os restantes estavam envolvidos em outros afazeres e não tinham contato com ele, então não sabiam se havia sido proveitosa ou não a arrecadação. “Foi quando ele apareceu com um saco de sal nas costas, cheio de dinheiro. A gente gritou: Viva! Vamos em frente então, vamos fazer o próximo!”.
"Nós éramos independentes em todos os sentidos. Começamos esta festa para ajudar as instituições e hoje estamos emocionados com o tamanho que ela ficou. Meu recado é que as novas gerações continuem independentes e inovadoras, é isto que fará a festa durar mais 60 anos com este sucesso", lembra Rubens Bernardo de Oliveira, outro remanescente daquele grupo histórico.
Eles criaram a montaria com o arreio cutiano, hoje uma categoria dos rodeios, e também trouxeram a música e os rituais, como a queima do alho. “No começo, era só a música catira na praça da Cidade, naquele tempo. A gente leva uns violeiros: Tião Carreiro e Pardinho, Tonico e Tinoco”, conta Prata.
Outro fato que recordam é que não fizeram, na primeira edição da Festa do Peão, a montaria de touro. Era então algo incomum e difícil para os peões brasileiros. Mas, em 1960, entraram na corrida e hoje em dia estão exportando peões para montar nas competições americanas.
O atual presidente de Os Independentes, Jerônimo Muzetti, é do ramo de locação de veículos. Criança, já viva na região do Parque do Peão e sonhava com a festa. Hoje, administra uma estrutura que, mesmo quando não tem rodeio, demanda uma centena de pessoas para cuidar. “Toma o ano todo de trabalho. Hoje meu almoço foi pão com salame, o tempo fica curto para cuidar de tudo.”
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