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Aos 15 anos, escritora prodígio publica 2º livro e tem outros 12 na gaveta

A escritora Ana Beatriz Brandão, que publica seu segundo livro aos 15 anos - Divulgação
A escritora Ana Beatriz Brandão, que publica seu segundo livro aos 15 anos Imagem: Divulgação

Rodrigo Casarin

Do UOL, em São Paulo

05/08/2015 06h15

Foi depois de um sonho que Ana Beatriz Brandão resolveu escrever seu primeiro livro, aos 13 anos, sobre uma menina que sofre um acidente de carro, perde a consciência e, ao despertar, está em uma ilha na qual seus próprios sonhos e pesadelos se tornam uma realidade em guerra que ela precisa solucionar. A história rendeu e acabou virando uma série de quatro títulos, ainda inéditos. Sim, a jovem é uma prolífica escritora. Além destes, tem outras oito narrativas na gaveta e, aos 15 anos, está publicando seu segundo livro, “Os Caçadores de Almas”, que sai pela Novo Século.

Apontada como uma promessa da literatura fantástica, Ana permeia suas histórias com ação, romance e, às vezes, elementos de terror. É justamente esse o caso de “Os Caçadores de Almas”, que narra a guerra entre uma seita secreta, que luta para conseguir a chave necessária para abrir o portal entre a Terra e o inferno, e um grupo que faz de tudo para impedi-la. Rituais, possessões e exorcismos também estão presentes no texto, que é precedido por um dicionário da língua demoníaca desenvolvida pela própria autora.

Ciente de que o livro traz elementos já muito explorados por outros escritores (o duelo entre o bem e o mal, por exemplo), Ana aposta em uma fuga do maniqueísmo para mostrar por que sua obra é diferente de outras do estilo. “No 'Caçadores', nós vemos que nem todo bem é bem e que nem todo mal é tão mal assim. Vemos que temos ambos dentro de nós e que, às vezes, os dois lados podem trabalhar juntos por um motivo maior”.

Livros como filhos

Antes de “Caçadores de Almas”, “Sombra de Um Anjo” marcou a estreia da autora aos 14 anos. As cópias da primeira edição se esgotaram em três meses, algo raro para escritores nacionais –o que levou a editora Novo Século a apostar em um longo contrato com a menina e a criar uma segunda edição --especial, com novos capítulos e final alternativo.

Espelhando-se em autores como George R. R. Martin, J. K. Rowling, Stephen King e Pedro Bandeira, a escritora garante que seu principal objetivo ao criar as histórias é “fazer as pessoas se sentirem bem ao lê-las e conseguir que imaginem exatamente o que se passava na minha cabeça quando escrevi aquelas palavras”.

Ana conta que, no início, planejava redigir somente contos, mas ficou entusiasmada quando começou a criar seu primeiro romance. “Sempre gostei de redação, apesar de antes as minhas notas não serem tão boas, e escrever era uma coisa que eu gostava muito de fazer. Ainda não era hobbie, mas quando realmente me empolguei com uma história, nunca mais parei”.

Hoje, ela se vê como uma mãe para os seus livros. “Eu sempre os chamo de bebês, e pra mim, são mesmo. Choro quando algum personagem morre, fico feliz quando acontece algo de bom... Fui eu quem os criou, então sinto como se fossem parte de mim, uma parte importante”.

Uma escritora no ensino médio

Como não poderia deixar de ser, por conta da sua idade, Ana precisa conciliar a carreira de escritora com a vida de uma menina de 15 anos. Cursando o segundo ano do Ensino Médio, ela diz que seus amigos já se acostumaram com os compromissos profissionais que muitas vezes lhe impedem de sair nos finais de semana. “Mas sempre me apoiaram e ainda apoiam muito. Sempre estão lá nos lançamentos e assistem, leem e ouvem todas minhas entrevistas. Leem meus livros e tentam se manter o mais presentes possível”.

Já sobre seus fãs, diz que normalmente lida com eles pelas redes sociais, tentando se manter sempre próxima dos leitores. “É a eles que eu devo tudo o que tenho hoje e eles merecem todo carinho do mundo”.

E o que eles podem esperar do futuro? Ao ser questionada como se imagina em 2025, quando terá 25 anos, a garota entrega o amor pelo ofício que escolheu tão cedo: “Ainda não sei o que estarei escrevendo, mas sei que estarei escrevendo. Não consigo mais me imaginar fazendo outra coisa”.

Leia a seguir trechos de "Caçadores de Almas":

Ana Beatriz Brandão - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

“Eram... eram milhares de almas. Milhares. Elas corriam pelos troncos, pulavam pelos galhos das árvores, corriam pelo chão... Estavam todas amontoadas, e quase não conseguíamos ver o que havia atrás. Elas engoliam a floresta, afastavam a neblina que cobria o chão, quebravam o silêncio pacífico. Resisti ao impulso de gritar”.

“Até que as estrelas caiam. Até que o último raio de sol brilhe. Até que a escuridão tome o mundo e até que todos aqueles que amamos tenham perecido, eu prometo que caçarei aqueles que não merecem o perdão. Não permitirei que vidas inocentes sejam sacrificadas. Darei minha vida por aqueles que dão as suas por mim. Meus irmãos, a partir de agora, serão parte de mim, e eu serei parte deles. Seremos um e assim viveremos eternamente e, até que o fim da eternidade chegue, eu serei um Caçador de Almas”.

Título: “Caçadores de Almas”
Autora: Ana Beatriz Brandão
Editora: Novo Século
Páginas: 222
Preço: R$ 29,90