Conheça o Mário: as várias facetas do autor de "Macunaíma"
A 13ª edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) começa nesta quarta-feira, 1º/7, e vai até domingo, dia 5. O homenageado da vez é Mário de Andrade, nome fundamental do modernismo brasileiro e um dos maiores artistas que atuou no país ao longo do século 20. Sim, artista, de uma forma geral e ampla, porque reduzi-lo apenas à sua faceta mais conhecida, a de escritor, é um grande equívoco. Veja abaixo dez campos nos quais Mário atuou.
O nome de Mário de Andrade quase sempre vem associado aos seus trabalho com a prosa, a livros fundamentais da literatura brasileira, como “Macunaíma” ou “Amar, Verbo Intransitivo”, que muitos conhecem por conta da escola. Contudo, no gênero, o autor não assinou apenas romances, mas também diversos contos e crônicas, como os reunidos no recém-lançado “O Melhor de Mário de Andrade”.
Poeta
Ao todo Mário de Andrade teve mais de 30 livros publicados, e parte dessa obra é composta por poesia. Sua estreia, aliás, deu-se com “Há uma Gota de Sangue em Cada Poema”, de 1917. Também é do gênero um de seus títulos mais famosos, “Pauliceia Desvairada”, de 1922, marco do modernismo nacional.
Crítico literário
Ainda atrelado à literatura, Mário também exerceu o papel de crítico literário e estudioso da arte. O autor mergulhou profundamente na obra de Machado de Assis, de onde tirou inspiração para “Amar, Verbo Intransitivo”, por exemplo, como revelou em uma carta a Carlos Drummond de Andrade.

Envolvido profundamente com a arte de seu tempo e em comunicação constante com seus pares, Mário foi uma das principais cabeças à frente da Semana de Arte Moderna de 1922, que concentrou manifestações artísticas com uma estética jamais vista até então, junto com os também escritores Oswald de Andrade e Menotti del Picchia e as pintoras Anita Malfatti e Tarsila do Amaral.

Tão forte quanto o literário é o lado musical de Mário. Na infância, o artista era considerado um pianista ímpar. Na adolescência, cursou o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Contudo, no início da fase adulta, após a trágica morte de seu irmão, passou a ter um leve e constante tremor nas mão, o que o afastou do piano.
Crítico musical
Sem poder tocar, Mário aproveitou seu ouvido afiado e seu conhecimento para se aprofundar ainda mais na teoria musical e para pensar a música feita no país, tornando-se professor e ensaísta da arte. É de sua autoria livros como “Ensaios Sobre a Música Brasileira”, “Pequena História da Música Brasileira” e “Música do Brasil”.
Crítico de cinema
Outra arte para a qual Mário dedicou seu pensamento e seu olhar crítico foi o cinema. Ainda que publicados de maneira bem esporádica, seus textos sobre o que via na telona formam uma considerável reflexão sobre a produção nacional da primeira metade do século 20. Quase duas dezenas dessas críticas estão reunidas no livro “No Cinema”.
Folclorista
Mário viajou muito pelo Brasil, principalmente para o Nordeste e para a Amazônia, a fim entender melhor a cultura nacional, em especial o folclore. Desse interesse e dessas explorações foi que surgiu, por exemplo, seu célebre personagem Macunaíma, o herói sem nenhum caráter.

Numa dessas viagens, em 1927, Mário empreendeu uma jornada que foi “pelo Amazonas até o Peru, pelo Madeira até a Bolívia, e pelo Marajó até dizer chega”. Ao longo do percurso, fez fotografias que retratam as paisagens, os homens e a cultura dos lugares por onde passou. Esse material gerou a exposição “Mário de Andrade: Etnógrafo-Fotógrafo-Poeta”.
Burocrata
Todo o envolvimento com a arte acabou fazendo com que Mário tomasse contato com o aspecto político da cultura. Foi ele o responsável por organizar o Departamento de Cultura da Cidade de São Paulo, além de ter dirigido o Instituto de Artes da antiga Universidade Federal e o Departamento de Cultura de São Paulo.
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Pobre país que tem em Macunaíma seu paradigma literário. Coletânea de lendas populares amarradas por um personagem que o próprio autor reconhece não ter caráter. Por isso mesmo falta estilo, não há posicionamento nem "sentimento do mundo", a narrativa é ruim e o livro sobrevive apenas pela insistência de um atuante proselitismo bairrista.