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Precisão, técnica e teatralidade marcam espetáculo de balé do Bolshoi em SP

Roseane Aguirra

Do UOL, em São Paulo

27/06/2015 11h38

Não é à toa que todas as sessões do balé do Teatro Bolshoi estavam esgotadas antes mesmo da estreia de "Spartacus", no Teatro Bradesco, em São Paulo, na última quarta-feira (24). Técnica e precisão marcam a apresentação da companhia russa, que havia se apresentado pela última vez no Brasil 16 anos atrás.

A volta trouxe dois espetáculos bem diferentes: o épico "Spartacus", que teve sua última sessão na noite desta sexta, e o romântico "Giselle", no palco neste sábado e domingo.

Há quem diga que balé é uma coisa chata, monótona, reservada apenas àqueles que entendem suas técnicas. Mas não é isso que "Spartacus" mostrou ao público. Quando se trata de gestos, olhares e sentimentos casados perfeitamente com a música, o que importa mesmo é atingir a sensibilidade do espectador, que capta tudo isso.

Na trama, Spartacus e a esposa se tornam escravos de Crassus, após uma conquista de território. Ele se torna gladiador e ela, concubina. Em uma apresentação para diversão dos romanos, Spartacus mata um de seus amigos em um duelo, sem querer. Com a dor da perda, ele se rebela, lidera uma fuga de escravos e vai atrás da esposa.

Mas não é preciso saber a sinopse para compreender a trama. Sem pronunciar uma única palavra, a companhia consegue transmitir com intensidade cada passagem, cada cena, e tudo na ponta do pé e aos saltos.

O espetáculo é composto de uma teatralidade intuitiva, além de figurino e música, que são quase protagonistas das cenas e dão o tom do balé, seja romântico, carnavalesco ou mesmo viril. "Spartacus", aliás, conta com um grande corpo de baile masculino e diversas cenas de lutas. O público fica hipnotizado com tanta ação acontecendo no palco ao mesmo tempo.

O único lado negativo talvez seja a duração – o espetáculo tem três atos, com uma hora cada, somados a dois intervalos de 15 minutos. No entanto, ao final de cada ato, a sensação é de "já acabou?". Bolshoi impressiona. Sorte do público brasileiro se não precisar esperar mais 16 anos para outra apresentação.