Herdeira "legítima" de Agatha Christie vai discutir ficção policial na Flip
Convidada da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) deste ano, onde dividirá a mesa "De Frente Para o Crime" com o escritor cubano Leonardo Padura, a britânica Sophie Hannah é um dos principais nomes da literatura policial contemporânea. Traduzida para 32 línguas, já teve um romance, "The Octupus Nest", transformado em série de televisão, foi a primeira escritora a obter autorização dos herdeiros de Agatha Christie para criar uma nova história com o detetive Hercule Poirot e agora lança no Brasil "A Vítima Perfeita", sua estreia no país.
Primeiro livro de Hannah a chegar no país, a obra é, na verdade, uma continuação de "Agatha Christie - Os Crimes do Monograma", no qual a britânica dá nova vida ao detetive Hercule Poirot, célebre personagem da rainha do crime. "Sou uma grande fã de Agatha Christie desde que comecei a ler seus livros, aos 12 anos. Eu era tão tomada por suas histórias que, aos 14, já tinha lido tudo. Ela é uma das principais inspirações para que eu tenha me tornado uma escritora de policiais", disse Hannah ao UOL.
Na nova trama que construiu para Poirot, Hannah colocou o detetive para investigar a possível ligação crente de seu assassinato, mas que não quer ajuda, e a morte de três pessoas em um hotel. Depois da publicação, garante que passou a ter uma relacionamento maravilhoso não apenas com seus fãs, mas também com os de Agatha. "Alguns deles, claro, eram inicialmente céticos [com relação ao que seria feito], mas isso logo mudou, o que foi especialmente gratificante. Por conta de 'Os Crimes do Monograma', conheci pessoas que são realmente especialistas em Agatha Christie e que se tornaram muito úteis para mim como fontes de informação".
Todo esse envolvimento com a rainha do crime confere a Hannah uma posição privilegiada para comparar a literatura policial de antigamente com a contemporânea. Segundo ela, na época de Agatha o essencial era contar a melhor história possível, algo que não é mais suficiente. "Hoje as pessoas estão muito preocupadas com o realismo e isso impacta na trama e no tipo de história aceitáveis para o leitor moderno. Acho que é por isso que a Era de Ouro do crime na ficção soa tão mágica e idealizada".
Para ela, os escritores contemporâneos de narrativas policiais precisam ser corajosos para encarar o gênero. "Há muitos grande escritores e nem todos são suficientemente reconhecidos. Minha favorita é Ruth Rendell, se é que ela ainda pode ser chamada de contemporânea, mas também gosto muito de Tana French e de Belinda Bauer". Olhando para o Brasil, diz desconhecer a literatura policial local, mas anseia descobri-la. "Imagino que a estrutura social brasileira possibilitaria temas muito interessantes para serem explorados pela ficção baseada em crimes".
Hannah poeta
Pela obra que está lançando no Brasil, pelo tema da mesa que participará na Flip e pelo autor com quem irá interagir, também famoso por narrativas policiais, é provável que o tema predomine ao longo da fala de Hannah. Entretanto, não podemos limitar a autora a essa faceta. Ela também escreve poemas e tem uma coletânea indicada pela Poetry Book Society, sociedade fundada por T. S. Eliot, como obra de referência da nova geração de poetas britânicos.
Transitando pela prosa policial e pela poesia, ela traça um paralelo entre ambos. "Na boa literatura policial e na boa poesia há uma forte ênfase na estrutura e no balanço". E retomando a rainha do crime, vê a influência dela em seu próprio trabalho como um todo. "Na verdade, acho que a estrutura e o balanço de Agatha Christie tiveram um apelo muito forte sobre mim".
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