Aos 11 anos, MC Soffia discute racismo na Viradinha: "Canto para crianças"
Vestida de rosa, com um grande laço no cabelo no estilo black, MC Soffia, de 11 anos, subiu no palco da Viradinha, no centro de São Paulo, acompanhada de dançarinas mirins com tranças coloridas. Deu seu recado em rimas como: "MC Soffia na rima, representa o hip-hop e a questão feminina", "está proibido se drogar porque escola é para estudar" e "o que ensina uma MC vai além do ABC, até o Z de Zumbi".
As crianças em cima dos ombros dos pais, que lotaram a "pistinha" na rua Cesário Mota Junior, não desgrudavam os olhos. "E aí, família, boa tarde", saudou Soffia. Até os pais responderam. "Tá fraco". Tamanha desenvoltura não era percebido minutos antes da apresentação, enquanto Soffia brincava de bambolê entre as crianças, despreocupada e tímida.
"Estou feliz, vai ser a primeira vez que canto sozinha", disse ao UOL, inquieta. Soffia fazia parte de um coletivo chamado Hip-Hop Kids, um sonho que tinha desde quando entrou em uma oficina do gênero.
Em tempos de MC Pedrinho, funkeiro mirim que canta músicas de alto teor erótico, ela explica que faz música para criança. "Eu falo para elas como é bom ser negra e sobre racismo. Quero trazer cultura para crianças. Antes os adultos não queriam que a gente aparecesse", explicou. "Hip-hop é resistência".
A mãe, orgulhosa, incentivou a filha quando o hip-hop bateu na porta. "Ela cresceu em uma casa de militantes e foi muito natural para ela falar dessas questões", explica Camila Pimentel, 29. "Incentivei a pesquisa. Ela foi lá saber quem foi Carolina Maria de Jesus [escritora, compositora e militante, morta em 1977] e Dandara [guerreira negra, esposa de Zumbi]. Ela fala dessas questões com o olhar lúdico de uma criança".
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