As coisas não estão bem quando há palhaços como réus, diz ator do Oficina
A ação movida contra o diretor Zé Celso Martinez Corrêa e atores do Teatro Oficia por uma peça encenada na PUC em 2012 foi extinguida nesta segunda (8), mas o sentimento é muito diferente de alívio.
Mesmo com a possibilidade de passar até um ano na prisão, o ator Mariano Mattos Martins disse encarou um fato mais como um grito do teatro. "Teatro é chato para grande parte da população e isso é tratado como uma coisa normal. A cultura está passando por um momento de quase morte e quando você não tem cultura, abre espaço para uma atitude como essa. Você questiona uma expressão artistica pública".
A ação foi movida por um padre de Goiás que viu a encenação pelo YouTube. Baseada em texto do dramaturgo alemão Bertold Brecht, a peça "Acordes" trazia um boneco representando o papa que era decapitado pelo dois palhaços em cena. "A cultura está fora do lugar. Um boneco que representa o papa não é o papa. Isso é básico. Se você tem dois palhaços no banco dos réus, não precisa mais dizer muita coisa".
Juiz responsável pelo caso, José Zoéga Coelho explicou que extinguiu a ação porque "objeto de culto é somente aquele utilizado durante celebração religiosa".
A encenação da peça foi realizada a convite de professores e alunos da própria PUC, em protesto contra a nomeação de Anna Cintra à reitoria da universidade, mesmo tendo ficado em terceiro lugar nas eleições.
Apesar de São Paulo ser uma das cidades com mais grupos de teatro, explica Mariano, os recursos para essa arte existir são cada vez mais escassos. "Fazer teatro é uma luta surreal e a própria sociedade não está sacando o poder da cultura como atravessador da saúde, educação, meio ambiente, ciência".
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