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Público gay reclama, mas Mara aceita convite para cantar em festa anos 80

A cantora Mara Maravilha durante um show em comemoração aos 30 anos de Simony - Amauri Nehn/Photo Rio News
A cantora Mara Maravilha durante um show em comemoração aos 30 anos de Simony Imagem: Amauri Nehn/Photo Rio News

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

06/05/2015 18h53

A cantora Mara Maravilha vai quebrar um jejum de 20 anos neste sábado (9) quando subir no palco da festa "Trash 80s" para interpretar ao vivo, desde que se tornou evangélica, as canções infantis que a fizeram famosa no final dos anos 80. No repertório, a artista interpretará "Liga Pra Mim", Curumim", "Foi Assim", entre outros. 

O que era para ser motivo de festa entre os frequentadores, causou polêmica no Facebook. O público está discutindo se Mara deveria mesmo ser convidada e a razão seria o fato de algumas pessoas considerarem a cantora homofóbica por conta de uma entrevista que ela concedeu há dois anos, na RedeTV!, onde chamou os homossexuais de "aberração". Para as pessoas, Mara não combina com o slogan da festa que diz: "Preconceito Não Entra Aqui".
 
Sobre o show, a cantora contou ao UOL, por telefone, que até hoje se surpreende com o interesse do público. "Atualmente eu me sinto mais confortável em relembrar essas vivências. O público canta tudo, até músicas que não ficaram famosas. É inevitável não aceitar [os convites para shows]", disse. Sobre as acusações de que ela seria homofóbica, Mara disse que as atitudes que ela sempre teve não correspondem aos que a chamam de homofóbica. "Eu não tenho que falar. Não tenho nada que me justificar ou ficar preocupada. O justo não se justifica. Quem for agressivo comigo, eu não vou me incomodar", disse. 
 
A cantora disse ainda que já está vacinada contra julgamentos. "Estou acostumada, vacinada, para enfrentar julgamentos ou até mesmo ser caluniada. Para mim, o único problema em fazer este show será o horário, já que vou cantar por volta da meia noite. Sou um pouco Cinderela", explicou. "Conversei muito com minha equipe, com meu pastor, e Jesus é o exemplo a ser seguido", disse. Sobre a apresentação, Mara disse que vai fazer o seu melhor. "Eu me propus a fazer isso e você pode acreditar que vou dar o meu melhor. Estou curtindo muito. Tenho fãs que vão sair de Minas Gerais e do Rio de Janeiro", contou. "Quem gostar de mim, que bom! Aproveitem o show! Vai ser ótimo. Quem não gosta, não se dê ao trabalho". 
 
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A festa "Trash 80s", criada em 2002, celebra 13 anos neste mês. Ela sempre teve como objetivo trazer artistas que faziam sucesso naquela época. A última convidada, por exemplo, foi Rita Cadillac. Mara, no entanto, nunca tinha participado antes. 
 
Enéas Neto, criador da festa, não acha Mara homofóbica. "Achamos que esta é uma excelente oportunidade para ouvi-la. As músicas dela sempre tocam nas festas. Quando ela deu aquelas declarações, também ficamos chateados. Alguns dos nossos DJs quebraram os discos dela. Mas a gente viu que a música é mais importante e temos que separar a obra do artista", explicou Neto.  "Não vejo Mara como homofóbica. Essa discussão parece briga entre árabe e judeu. A Trash 80s não é assim. O que queremos demonstrar é que existem sim pessoas que gostam dela. Não será a Mara Maravilha evangélica que vai tocar aqui. Vai ser a artista dos anos 80 com as músicas que a gente adora ouvir. Tem tudo a ver com a festa", completou. 
 
Polêmica na rede
De fato, a opinião dos frequentadores estão divididas. O frequentador Marcelo, por exemplo, questionou em uma postagem do Facebook se ela irá pedir desculpas. "Ela irá se redimir, engolir o orgulho e pedir desculpas para vários trashers? Ela sabe que a casinha é um lugar onde preconceito não entra ou ela fará o show do lado de fora? Me desculpa, mas ela ofendeu muita gente desprezado a comunidade gay por conta da fé qual ela comunga", escreveu. A drag Priscila Tonini foi além. "Teria prazer em ir neste dia para ficar de costas pro palco beijando meu namorado da hora que ela entrasse até a hora que saísse do palco".
 
Por outro lado, o internauta Felipe Abrantes comentou que gostaria de ir "Independente das declarações e de sua religião, iria muito feliz pelo que Mara representou na minha infância e - mais - iria pela festa em si que é muito boa", escreveu. A internauta Simone Assunpção concorda com Felipe. "Concordo que a Mara não foi feliz em suas declarações... Porém o que trago comigo (ainda tão vivos) são lembranças, momentos e um amor tão grande que começou lá no início da adolescência e que não há como apagar ou esquecer, vai com a gente a vida inteira". 

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