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Com Diogo Nogueira, musical celebra centenário do samba em estilo Broadway

Anderson Baltar

Do UOL, no Rio

19/03/2015 06h00

O ano de 1916 entrou para a história da Música Popular Brasileira graças à iniciativa de Ernesto Joaquim Maria dos Santos. O jovem de 26 anos, mais conhecido como Donga, era um assíduo frequentador das rodas de música na casa da lendária Tia Ciata, na região central do Rio de Janeiro. Neste local, em meio a rituais religiosos de matriz africana, foi gerado um ritmo que se tornaria uma das marcas da cultura brasileira. E a certidão de nascimento foi registrada na Biblioteca Nacional no dia 27 de novembro daquele ano.

“Pelo Telefone”, considerado o primeiro samba gravado, deu a largada a uma grandiosa história que o musical “Sambra – 100 Anos de Samba”, em cartaz de quinta a domingo no Vivo Rio, apresenta com uma produção esmerada e com um elenco comandado pelo cantor Diogo Nogueira, que vê no espetáculo a prova viva de que o ritmo nascido no Estácio e Praça 11 nunca saiu de moda.

“O samba vive um momento maravilhoso, está sempre sendo falado e relembrado. Cada vez mais surgem novos sambistas, o que é fundamental para a perpetuação do gênero. Nesse espetáculo, temos a oportunidade de relembrar os grandes nomes e mostrar o quanto o samba faz parte do cotidiano do brasileiro”, diz o cantor.

O filho de João Nogueira é a estrela principal de um elenco dirigido por Gustavo Gasparani (de outros musicais como “Clara Nunes – Brasil Mestiço” e “Samba Futebol Clube”) e que conta com as presenças de Izabella Bicalho, Ana Velloso, Beatriz Rabello (filha de Paulinho da Viola), Lilian Valeska, Patrícia Costa, Bruno Quixotte, entre outros.

Um elenco em que, cabe dizer, quase todos os seus integrantes têm ligações umbilicais com o gênero. “Escalando esses atores, buscamos ainda mais a verdade do samba, já que todos amam e têm histórias familiares com esse universo. Eu, por exemplo, sou passista da Mangueira há vinte anos e já dirigi shows de Beth Carvalho”, afirma o diretor.

Diogo Nogueira

  • Anderson Borde / AgNews

    Todos nós temos uma história com o samba e, em muitos momentos, nem sabemos exatamente onde começa a encenação e onde termina a nossa essência. Me emociono várias vezes, especialmente em uma cena em que acontece a morte do poeta e ele passa o bastão pra o sambista mais novo. É o momento em que recordo muitos momentos que vivi com meu pai

    Diogo Nogueira, cantor
Estreando como ator, Diogo Nogueira afirma que não se assustou com o novo desafio em sua carreira. “Tudo fluiu com naturalidade. Todos nós temos uma história com o samba e, em muitos momentos, nem sabemos exatamente onde começa a encenação e onde termina a nossa essência. Me emociono várias vezes, especialmente em uma cena em que acontece a morte do poeta e ele passa o bastão pra o sambista mais novo. É o momento em que recordo muitos momentos que vivi com meu pai”.

O musical, realizado em parceria pela Aventura Entretenimento e Musickeria, nasceu de um bate-papo entre o empresário de musicais Luiz Calainho e o publicitário Washington Olivetto.

“Vimos a necessidade de produzir algo que valorize, em alto nível, a nossa cultura. Daí surgiu a ideia de fazer um musical aproveitando que o centenário cai no mesmo ano da Olimpíada. Acabamos antecipando o projeto, o que não inviabiliza a homenagem”, conta Calainho.

Gasparani, convocado a assumir a direção e roteiro, procurou, desde o início, dar uma roupagem diferente a um show de samba. “Desde o início eu disse que não queria fazer uma simples roda de samba. Quis mostrar toda a dignidade, nobreza e poesia do mundo do samba.

Seria muito fácil reproduzir um desfile de escola de samba no palco, mas não era essa a minha intenção. Procurei fazer um espetáculo em que o samba é protagonista, apresentando seus momentos e grandes mestres em uma linguagem universal”.

O resultado é um musical com padrão da Broadway, escorado em ótimos números, coreografias precisas, cantores afinados e um repertório que permite uma verdadeira viagem pela história do samba, com 70 sucessos dos maiores compositores do gênero.

Após a temporada carioca, ”Sambra” ficará em cartaz de 26 a 29 de março no Espaço das Américas, em São Paulo. O projeto também prevê o lançamento de um portal integrado às redes sociais, com entrevistas, imagens históricas e uma linha do tempo com a história do gênero; uma webradio disponível nas plataformas web e mobile e o lançamento de um livro em versões física e em e-book.

E, quem sabe, pode vir a rodar o mundo divulgando um dos mais genuínos ritmos brasileiros. “Acredito que esse espetáculo pode fazer sucesso por outros países pela roupagem e, principalmente, pela qualidade dos músicos, do repertório e cantores. Se for assistido por alguém que não conhece a história do samba, posso assegurar que essa pessoa ficará totalmente encantada”, aposta o diretor.

Serviço
"Sambra – 100 Anos de Samba"

Rio de Janeiro
Quando: De 19 a 22 de março. De quinta a sábado, às 21h30. Domingo, às 20h
Onde: No Vivo Rio (Avenida Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo)
Quanto: De R$ 25 (meia-entrada) a R$ 200 (inteira)
Classificação: 14 anos
Vendas: Pelo site Ingresso Rápido
Mais informações: (21) 2272-2900

São Paulo
Quando: 26 a 29 de março, às 21h30 e às 22h30
Onde: Espaço das Américas (Rua Tagipuru, 795, Barra Funda)
Quanto: De R$ 60 (meia) a R$ 220 (inteira)
Classificação: 14 anos
Vendas: Pelo site Ticket 360
Mais informações: (11) 3829-4899