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"Eles riem 77 vezes da mesma piada", diz criador de stand-up infantil

O editor Paulo Tadeu, criador do stand-up "Proibido para Maiores" - Divulgação
O editor Paulo Tadeu, criador do stand-up "Proibido para Maiores" Imagem: Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

24/01/2015 06h00

A cena chega a ser curiosa. Cercado por dezenas de olhos vidrados, o editor Paulo Tadeu gesticula ao contar vários "causos". No palco, em vez de abordar situações cotidianas, ele fala do eternamente curioso menino Joãozinho, do desavisado mosquitinho que quer ir ao teatro e do infame tomate que tem a péssima ideia de atravessar a rua.

No fim das histórias, salvo um ou outro rosto mais emburrado, todos caem no riso. Não importa o quão batida seja. E é exatamente essa a grande vantagem de seu stand-up “Proibido para Maiores”, o "primeiro do mundo" voltado aos pequenos --ao menos na visão do autor.

“A criança, ao contrário do adulto, não enjoa da piada. Elas riem 77 vezes (risos) da mesma história. Gostam e contam de novo. Mesmo que seja uma que já conheçam, elas divertem-se do mesmo jeito”, diz ao UOL Tadeu, dono do best-seller que dá nome ao show.

"Com adultos, você pode falar qualquer besteira. Com crianças, não, há uma responsabilidade maior. É preciso ter um filtro, pensar nas palavras. E saber interagir com elas, que perguntam e falam o tempo inteiro."

Sucesso entre os pequenos, a série de sete livros de Tadeu já vendeu mais de 320 mil exemplares. É o carro-chefe de sua editora, a Matrix. No palco, o editor adapta o conteúdo infantil aos improvisos típicos do stand-up, dando toques reais a histórias com jeito de fábula, que resgatou dos tempos de criança para os livros. Uma homenagem ao filho, Guilherme.

A ingenuidade, claro, é a tônica do show. Mas nem sempre é possível se a ter a ela. “No final, eu sempre chamo crianças para o palco e falo que eu vou ensinar a contar piadas. Na primeira vez, eu, muito inocente, disse para uma contar do jeito dela. Daí começou a sair uma piada meio suja, e eu tive de interromper no meio. Todo mundo riu, principalmente os pais (risos)”, brinca.

Paulo teve a ideia do espetáculo há três anos, depois que começou a receber convites para dar palestras em escolas. Desde 2012, é uma das atrações do festival Risadaria, em São Paulo. Apesar do sucesso, o stand-up ainda é uma atividade pouco profissional para ele. Cenário que planeja mudar a partir deste ano.

“Estou me organizando agora. Tem uma pessoa que começou a vender o projeto. Estamos começando a fazer os contatos com os teatros. Essas coisas. Até então eu sou um cara bem amador nesse sentido”, diz o editor, que também se apresenta com uma banda de humor adulto, a Saco de Gatos.

Aos pais interessados Tadeu adverte: além de “proibido para maiores”, a apresentação também não é recomendada para quem tem menos de seis anos. Uma idade em que meninos e meninas são capazes de entender os duplos sentidos das histórias, além de também já possuírem uma boa capacidade de concentração.  

 “Às vezes eu vejo pais com crianças de quatro anos, e às vezes elas dão risada porque as outras também estão rindo. Mas, assim como o livro, sempre indico que espetáculo é para crianças a partir de seis. Porque elas já começam a ter uma bagagem, o que é importante para a piada do stand-up.”

Paulo Tadeu - Proibido para Maiores
Quando: 30/1, às 16h, Conjunto Nacional; 31/1, às 16h30, Shopping Market Place; 7/6, às 16h30, Shopping Iguatemi
Onde: Livraria Cultura
Quanto: Grátis
Classificação: Livre