50 anos de Mafalda: UOL imagina do que ela reclamaria se fosse brasileira
Criada pelo cartunista argentino Quino, a menina Mafalda é um dos personagens mais celebrados nas tirinhas de jornal na América Latina. Publicada originalmente entre 1964 e 1973, na revista "Primera Plana", ela ganhou fama internacional graças a seu carisma e a uma peculiar visão de mundo.
Filha de pais de classe média, Mafalda nunca se limitou a problemas típicos da infância e levou o olhar crítico e apurado para questões econômicas e sociais de todo o planeta. Demonstrava ojeriza às desigualdades, às injustiças e à violência da mesma forma que repudiava um prato de sopa.
Inteligente e sarcástica, ela emprestava humor único para comentar os acontecimento de sua época, marcada pela ditadura argentina. Ainda hoje, muitas de suas tiradas, recheadas de críticas social e política, permanecem atuais.
Sabendo disso, o UOL imaginou quais seriam os assuntos do Brasil atual que poderiam servir de pano de fundo para as tirinhas de Mafalda. E como ela reagiria a eles.
Publicada em um período marcado pela forte repressão do governo Argentino, Mafalda é uma menina muito mais progressista do que reacionária. Certamente usaria de sua acidez infantojuvenil para criticar quem é contra as ciclofaixas que tomaram algumas das principais vias da cidade de São Paulo, tirando espaço dos carros. Em contrapartida, também não perdoaria os "ciclochatos". Ciclofaixas
Defensora das bikes
Mafalda não concordaria com o discurso homofóbico do candidato à presidência Levy Fidelix, que pediu que seus eleitores reprimissem a minoria homossexual. Na tirinha, ela provavelmente estaria estudando ciências, no capítulo "Aparelho Excretor". Assunto que o político, famoso pela proposta de implantar um aerotrem para resolver os problemas de mobilidade, mostrou desconhecer totalmente. Homofobia
Estudando o aparelho excretor
Como boa parte das crianças, Mafalda não é lá muito afeita ao chuveiro. Sempre que pode, evita. Em sua inocência nem tão inocente assim, é bem provável que ela "declarasse" para os pais seu voto no governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin, na esperança de que a falta de água virasse lei em São Paulo. Crise de abastecimento
Dos males, o menor
Agitada e comunicativa, a garota argentina é conhecida também por sua impaciência. Difícil imaginá-la passando incólume às filas quilométricas das exposições em São Paulo. Ela só se irritaria mais com a ideia dos moradores do bairro Jardim Europa de criar um abaixo-assinado contra a exposição "Castelo Rá-Tim-Bum", no Museu da Imagem e do Som. Aí já é vandalismo. Filas em exposições
Só não mexam no castelo!
Mesmo tendo certas ideias pré-concebidas, Malfada é totalmente contra o preconceito. Ficaria muitíssimo brava com os insultos racistas sofridos pelo goleiro do Santos Aranha. Crítica, também não aceitaria aqueles que querem acabar com a vida a torcedora do Grêmio que o xingou. E, de quebra, ainda questionaria a punição ao time gaúcho, que foi excluído da Copa do Brasil quando já perdia o jogo. Racismo no futebol
Os vários lados da história
Mafalda reagiria com ironia à nova vida de "classe média" do empresário Eike Batista, que mesmo em crise não abre mão de hotel cinco estrelas em Nova York e do helicóptero para ir a Angra dos Reis. Com bom coração, ofereceria a ele um pouco da sopa que sua mãe sempre servia no jantar, e que ela odiava profundamente Eike classe média
Merece uma colher de sopa
Mafalda fez 50 anos esta semana, mas por que comemorar? Afinal, a personagem não é publicada desde os anos 1970. O mundo melhorou desde então? A paz entre os povos é a tônica? A fome acabou? A América do Sul é um lugar mais feliz, justo e divertido para morar? Esses são alguns dos questionamentos que a cinquentona personagem provavelmente faria Mafalda 50 anos
Comemorar pra quê?