Artista "implode" Templo de Salomão e questiona "nova Jerusalém" no Brasil
O Templo de Salomão, inaugurado pela Igreja Universal do Reino de Deus no início de agosto, já não existe mais --ao menos na obra da artista israelense Yael Bartana. O local aparece sendo implodido na ficção "Inferno", um curta de 22 minutos que será exibido na 31ª Bienal de Artes de São Paulo, que acontece entre os dias 6 de setembro a 7 de dezembro.
Para simular a destruição do Tempo, a artista recriou o interior do local dentro do galpão de uma escola de samba, em São Paulo. Com ajuda de efeitos visuais, o vídeo mostra o Templo desmoronando completamente, dando lugar a um grande Muro das Lamentações, em pleno centro da capital paulista.
Segundo Bartana, a ideia de destruir o local no filme surgiu quando ela soube que o bispo Edir Macedo estava construindo uma versão dos templos que existiram em Jerusalém. A artista queria, assim, descobrir o que significava, nas palavras dela, "o anseio de se construir um terceiro templo seguido da destruição histórica dos dois templos anteriores".
O primeiro templo foi destruído em 584 a.C., e o segundo, em 64 d.C, dando origem ao Muro das Lamentações. Com a ideia de trazer a Terra Santa aos fiéis, o Templo, em São Paulo, é coberto com pedras importadas de Jerusalém.
Bartana questiona as razões da chegada de um novo Messias nos dias de hoje e se a presença da "nova Jerusalém" no Brasil não revela seu "destino iminente de destruição". "O Tempo é um emaranhado entre transcrições bíblicas primárias e crenças messiânicas contemporâneas, que captam a realidade e a ficção de uma maneira similar aos esforços de antigos imperadores, bem como governantes onipotentes atuais", observa.
"Será que a aspiração de estabelecer um Terceiro Templo encarna em si uma indicação preliminar de um final fatal e um estado de devastação? Ou, talvez, estamos nos aproximando de um momento na história em que as orações de pessoas religiosas de todos os cantos do mundo são respondidas com a chegada do Messias no Brasil?", questiona ela.
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