Nerdfighters, fãs de John Green vão à Bienal espalhar "coisas boas"
A primeira impressão, através do site da comunidade brasileira, chega a assustar. As cores – um bloco verde, outro preto e duras letras garrafais em branco – remetem ao exército, impressão acentuada pelo “fighters” no nome do grupo. A mensagem é bastante clara: “Antes de fazer uma pergunta, verifique se ela já não foi respondida no FAQ ou nas outras páginas. Perguntas repetidas não serão mais respondidas”. Parecem ser impacientes durões, que não suportam a perturbação de desconhecidos e curiosos. Parecem...
Na verdade, eles são os nerdfighters, um grupo de fãs do escritor best seller John Green que se espalhou pela internet em 2007 quando o autor de "A Culpa É das Estrelas" e seu irmão Hank começaram a postar vídeos na internet conclamando seguidores a “batalhar” para que haja mais "awesome" (coisas boas) do que "suck" (coisas negativas) no mundo. O recado não demorou a chegar ao Brasil - onde Green é atualmente o nome que mais vende livros no mercado - e, nesta quarta-feira (27), um grupo de autênticos nerdfighters verde-e-amarelos lotou uma sala da Bienal de São Paulo para conversar com Danielle Machado, editora da Intrínseca, que pública o autor no Brasil, e Bárbara Morais, escritora, fã de Green e nerdfighter convicta.
“Ser um nerdfighter não é só ser fã do John, muitos nunca nem o leram. São pessoas que querem mais 'awesome', mais de melhor para o mundo”, disse Bárbara. Na sequência, Danielle contou que antes mesmo de sua editora adquirir os direitos de publicação do autor, já o acompanhava por conta de seus fãs. “Sabia dele por causa dos nerdfighters e da presença dele na internet. Nos tornamos todos nerdfighters.”
A editora falou da dificuldade que é traduzir John, por conta de suas referências pop e contemporâneas, que podem passar desapercebidas por algum tradutor que não esteja antenado com essas vertentes. Em seguida, revelou como “A Culpa É das Estrelas” foi encarado na empresa. “Todo mundo leu o livro, ficávamos falando sobre ele, pensando em como fazer todo mundo lê-lo numa época de livrarias abarrotadas de '50 Tons de Cinza'. Tive que fazer uma carta aos livreiros para que eles soubessem dele e o colocassem em exposição”.
O papo seguiu com perguntas do público, bastante curioso em saber o que aconteceu com os personagens ao final do livro – uma das características da narrativa de Green são os finais abertos -, como se alguma das duas pudesse responder de forma precisa. Para decepção dos fãs, a editora afirmou que não há previsões para trazer John ao Brasil. Mas ao menos Bárbara, que participa de diversos eventos sobre o autor, não parece ligar para isso. “Não sinto muita falta dele vir para o Brasil. Já dá para falar com ele pelo Twitter, ele responde e-mail...”
Como identificar um nerdfighter
Cada nerdfighter faz o que bem entender, o que importa é contribuir para que o mundo tenha mais coisas positivas do que negativas. Eles se espalham por diversas cidades do Brasil e normalmente se reúnem fisicamente em pequenos grupos, ainda que, quando se agrupem na internet, atinjam números consideráveis (a comunidade fechada no Facebook, por exemplo, conta com mais de 3.500 nerdfighters).
Têm seus códigos próprios. O cumprimento, por exemplo, é um sinal feito com as duas mãos espalmadas, cruzadas, voltadas para o peito e com os dedos indicador e médio grudados, separados do anelar e mínimo, que também se juntam para formar algo semelhante ao sinal de comandante Spock, de “Jornada nas Estrelas”. Quando está feliz, cada nerdfighter tem uma dancinha própria para demonstrar alegria e, caso goste de algum outro nerdfighter, não se apaixona, mas se torna um "nerdfighterlike".
Em 2012, nerdfighters brasileiros se reuniram para presentear John Green, que não possuía um exemplar da edição nacional de um de seus livros, “Quem É Você, Alasca?”. Compraram, então, um volume e o mandaram para colegas espalhados pelo Brasil. Cada um deixou um recado na obra, que rodou quase 17 mil km. Em seguida, fãs viajaram para uma convenção nos Estados Unidos, onde entregaram o exemplar para John junto de uma camisa da seleção brasileira autografada por Pelé. Na sequência, o próprio escritor fez um vídeo destinado aos fãs brasileiros. Sem dúvidas foi um dos grandes maiores da nerdfighteria nacional.
Anualmente os nerdfighters também ser organizam internacionalmente para alguma campanha contra o “world suck”. Em 2010, quanto o Haiti foi abalado por terremotos, por exemplo, dizem ter conseguido doações que lotaram cinco aviões com suprimentos para os haitianos.
Sobre a Bienal
Com o tema de “Diversão, cultura e interatividade: tudo junto e misturado”, a 23ª Bienal do Livro de São Paulo, que vai até o dia 31 de agosto, no Pavilhão de Eventos do Anhembi, é um dos mais importantes do mercado livreiro e literário em toda a América Latina. Contará com 1.500 horas de programação e mais de 400 atrações, dentre elas nomes reconhecidos internacionalmente, como Harlan Coben (“Confie em Mim”), Ken Follet (“Os Pilares da Terra”), Sally Gardner (“Coriandra”), Kiera Cass (“A Seleção”) e Hugh Howey (“Silo”), Cassandra Clare (“Os Instrumentos Mortais”) e Sylvia Day (“Toda Sua”).
Os ingressos para a Bienal, que dão acesso ao Pavilhão do Anhembi, custam entre R$ 6 e R$ 14 – dentro do espaço, toda a programação cultural é gratuita, com sendo que os bilhetes para cada evento devem ser retirados com no mínimo 30 minutos de antecedência. O evento conta com 300 expositores, que representarão 750 selos editoriais. Nos dez dias de evento, são esperados mais de 700 mil visitantes, que, para chegarem ao Anhembi, podem utilizar ônibus gratuitos que saem das estações de metrô do Tietê e da Barra Funda (desta segunda, apenas nos finais de semana). Toda a programação oficial pode ser conferida no site www.bienaldolivrosp.com.br.
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