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Em entrevista concedida em abril, Suassuna discorre sobre o sentido da vida

Ariano Suassuna durante uma aula-espetáculo em Recife em fevereiro de 2014 - Roberta Guimarães/UOL
Ariano Suassuna durante uma aula-espetáculo em Recife em fevereiro de 2014 Imagem: Roberta Guimarães/UOL

Do UOL, em São Paulo

26/07/2014 10h41

Em uma de suas últimas entrevistas, o escritor Ariano Suassuna, morto na última quarta (23), falou sobre religiosidade e o sentido da vida. A entrevista foi concedida em abril deste ano ao jornalista Eric Nepomuceno, que esteve na casa do escritor no bairro Casa Forte, em Recife.

Eles conversaram sobre a importância da arte, a paixão de Suassuna pela escrita e sua ligação com Deus. O escritor dizia que a arte não tem uma utilidade prática, mas uma função clara: aumentar a beleza e a alegria do mundo. Tinha certeza de que imaginação e realidade estão altamente entrelaçadas. "Eu nunca quis ser outra coisa senão escritor. Comecei a escrever aos 12 anos de idade, publiquei meu primeiro poema aos 18 e nunca mais parei. Continuo escrevendo. Todo dia eu leio e escrevo, e não é por obrigação, é por paixão”.
 
Para apresentar suas ideias sobre religiosidade, o escritor apresentou referências literárias como um poema de Sófocles, citações do filósofo francês Albert Camus e do poeta popular Leandro Gomes de Barros, seu conterrâneo da Paraíba. 
 
A religiosidade de Suassuna está impregnada em todas suas falas e ele afirma sua convicção sobre a existência de Deus. “Eu acredito em Deus por uma necessidade. Se Ele não existisse, a vida seria uma aventura amaldiçoada. Eu não conseguiria conviver com a visão amarga, dura, atormentada e sangrenta do mundo. Então, ou existe Deus, ou a vida não tem sentido nenhum. Bastaria a morte para tirar qualquer sentido da existência". 
 
O escritor creditava a Deus o fato de ser um homem tranquilo e de poucos medos. "se eu não acreditasse, seria um desesperado". 
 
Sempre achava que as coisas iam dar certo. Quando alguém perguntava se tinha medo da morte, respondia rindo: “Não gosto de contar valentia por antecipado. Pode até ser que na hora eu me apavore. Mas até onde eu vejo, não tenho da morte não”.
 
A entrevista vai ao ar na quarta-feira (30), às 21h30, no programa "Sangue Latino", do Canal Brasil.