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Biografia de Gabriel García Márquez em HQ esconde o homem atrás do mito

Capa de "Gabo: Memórias de uma Vida Mágica" - Reprodução
Capa de "Gabo: Memórias de uma Vida Mágica" Imagem: Reprodução

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

09/07/2014 07h00

Biografia em quadrinhos muito aguardada após a morte de Gabriel García Márquez, em abril, "Gabo: Memórias de uma Vida Mágica" (Veneta) chega às prateleiras das lojas mostrando de forma idealizada a história do artista genial que vai da miséria ao sucesso e reconhecimento mundial.

E Gabriel García Márquez foi precisamente isso: de morador de rua a imortal literário e com um legado que ajudou a definir tanto a imagem da América Latina quanto os rumos da literatura do século 20. A HQ, no entanto se esquiva de abordar alguns dos aspectos mais polêmicos da trajetória de Gabo.

Um deles é o rompimento com Mario Vargas Llosa. O fato culminou com um soco de Vargas Llosa em Gabo na cidade do México em 1976, inciando um dos maiores feudos da história recente da literatura. A amizade com o ditador Fidel Castro --fato que fez Gabo ser alvo de constantes críticas de exilados cubanos-- também é abordada de forma rápida e não-crítica.

Imagem de "Gabo: Memórias de uma Vida Mágica" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
Imagem de "Gabo: Memórias de uma Vida Mágica" - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

O roteiro foi feito pelo colombiano Julián Naranjo e traz a vida de Gabo dividida em quatro fases, cada uma à cargo de um artista diferente e que utiliza uma cor predominante para diferenciá-la no livro.

Na primeira, a HQ mostra a infância de Gabo e como as primeiras experiências infantis --como ouvir as histórias do avô e o tocar em um cubo de gelo pela primeira vez-- formaram o embrião do que se tornaria o realismo fantástico. A segunda apresenta a formação no círculo intelectual de Bogotá, o começo da carreira como jornalista e os momentos de miséria, quando chegou a morar nas ruas e num prostíbulo. Em seguida é mostrada a ascensão, as viagens e o casamento. Na última parte, a consagração com o Prêmio Nobel de Literatura, recebido em 1982.

Fora os sinais de um roteiro que defende o biografado --e até o idolatra--, "Gabo" faz um bom trabalho de integrar a vida e a obra do escritor colombiano. As diferenças dos traços dos diversos artistas também ajudam a dar uma atmosfera particular a cada era da vida do escritor. "Gabo: Memórias de uma Vida Mágica" é uma boa narrativa da trajetória do ícone, mesmo que esconda um pouco a fragilidade do homem por trás do ícone.