Novo livro dá detalhes sobre soco de Vargas Llosa em García-Márquez
Um livro lançado recentemente na Espanha traz novos detalhes sobre um dos maiores mistérios da literatura latino-americana. Nada a ver com as Letras, com l maiúsculo, mas com uma fofoca picante que culminou no histórico registro de Gabriel García-Márquez fotografado com o olho esquerdo roxo após levar um soco do então estimado colega Mario Vargas Llosa.
A razão da peleja, presenciada por testemunhas que estiveram no Palácio de Belas Artes do México naquele 12 de fevereiro de 1976 e viram o escritor colombiano levar um soco do peruano, teria sido a esposa de Llosa. "Isso é pelo que você fez à Patricia em Barcelona”, teria dito Llosa antes do soco. Morto em abril deste ano, o autor de "Cem Anos de Solidão" jamais tratou do assunto em público. Llosa também sempre fugiu. "É um pacto entre García-Márquez e eu. Ele respeitou isso até a sua morte e vou fazer o mesmo", disse recentemente o escritor - e também Nobel da Literatura - peruano ao ser questionado sobre o tema.
Segundo Xavi Ayén, autor de "Aquellos años del boom" (ainda sem tradução em português), a origem da briga estaria em uma crise no casamento de Llosa e Patrícia, abalado por uma aventura extraconjugal do escritor. De acordo com resenha sobre o livro publicada no jornal espanhol "El País", Ayén dedica ao episódio 30 das 876 páginas do trabalho, que descreve o encontro de grandes nomes da literatura hispânica em Barcelona nas décadas de 60 e 70.
De acordo com o relato de Ayén, reproduzido pelo "El País", Patrícia teria retornado sozinha à Barcelona em 1975 após ficar sabendo da infidelidade do marido, que à essa altura já vivia novamente em Lima, no Peru. Certa noite, ela saiu para jantar com García-Márquez e outros amigos comuns do casal ligados à cena literária local. Na hora de ir embora, García-Márquez se ofereceu para acompanhá-la ao aeroporto, onde pegaria o avião de volta à Lima, e, na versão de Ayén, "deu com a língua nos dentes" ao "revelar a Patrícia Llosa alguma aventura de seu marido, cometida nos anos de Barcelona".
Para piorar, o táxi com eles teria se perdido no caminho e Patrícia perdeu o voo de volta para casa. Um amigo que também estava no jantar disse que Mario Vargas Llosa desconfiava que, na verdade, a intenção de García-Márquez era apenas levá-la para um hotel.
As memórias dos chamados "anos do boom latino-americano" em Barcelona narradas agora por Ayén são resultado de dez anos de trabalho do catalão, que consultou "mais de 300 livros e arquivos", além de conduzir entrevistas com familiares, amigos e viúvas dos escritores. A obra recebeu o prêmio Gaziel de Biografias e Memórias e tornou-se referência no assunto ao lado dos relatos de José Donoso.
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