Topo

Prestes a chegar ao cinema, "Divergente" é nova aposta da literatura jovem

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

07/04/2014 07h00

Chegou ao Brasil em março Está sendo lançado no Brasil "Convergente", terceiro livro da série para adolescentes iniciada com "Divergente" e que prosseguiu em "insurgente". O lançamento chega pouco antes da adaptação cinematográfica da primeira obra da trama, que estreia no Brasil no dia 17 de abril.

A história de "Divergente" se passa na Chicago de um futuro pós-apocalíptico, após uma guerra ter destruído grande parte da população mundial. De forma a evitar novos conflitos, a sociedade foi dividida entre facções que representam arquétipos comportamentais humanos: Abnegação, Amizade, Audácia, Erudição e Franqueza. A protagonista Beatrice "Tris" Prior cresce com os pais da Abnegação até o dia em que precisa escolher a sua própria facção e terminará sendo pivô de uma revolução que irá mudar a sociedade para sempre.

"Divergente" é o livro de estreia da norte-americana Veronica Roth, de apenas 25 anos, e faz parte do segmento de jovens leitores, uma das grandes minas de ouro do mercado editorial. O fenômeno da saga "Crepúsculo" mostrou o potencial financeiro desse nicho direcionado principalmente para o público jovem feminino. A tensão sexual perdeu um pouco a ênfase em "Jogos Vorazes", com um papel de maior ação e busca de mudanças sociais ao invés de romance. E é difícil não enxergar "Divergente" como no mínimo uma homenagem - alguns diriam um clone - de "Jogos Vorazes".

Ambos possuem uma jovem protagonista rebelde e fora da norma que é a zebra de alguma competição. Ela sai de suas origens humildes e unifica as facções/distritos de um mundo distópico pós-apocalíptico repleto de conspirações políticas. São histórias com pares românticos, desafios e envolvendo a passagem de poder entre adultos que criaram uma sociedade decadente e jovens querendo construir um mundo melhor e diferente. Até as capas da série de Veronica Roth parecem "homenagens" as da trilogia de Suzanne Collins.

"Divergente" risca uma por uma as convenções do gênero jovens leitores. As facções do livro - assim como as "casas" de "Harry Potter" - lembram típicas panelinhas colegiais: Abnegação ("comunistas"), Amizade ("hippies"), Audácia ("atletas"), Erudição ("nerds") e Franqueza (o pessoal do clube de debates). O livro traz rituais de passagem à vida adulta, à lá vestibular, como o teste de escolha de facção. A heroína forma um par romântico com um bad-boy incompreendido - mas com um bom coração - e por aí vai. Mas no final, "Divergente" parece estar para "Jogos Vorazes" assim como "Percy Jackson" está para "Harry Potter". É aquela série quase igual, mas nem tão popular quanto o fenômeno original.

"Divergente" mostra ainda a força do segmento de jovens adultos, com mais de 16 milhões de vendas desde o início da trilogia em 2011. No entanto, há indícios de que o segmento está perdendo força e lançar mais um clone de "Crepúsculo" não é mais ter uma máquina de imprimir dinheiro. Um dos motivos é a saturação, com cada vez mais lançamentos ano a ano; em grande parte pela facilidade de publicação de novos autores pela internet. Segundo estimativas do Wall Street Journal, apenas em 2012 cerca de 16.800 títulos para jovens autores foram lançados nos EUA.

No cinema "Jogos Vorazes" se mostrou um fenômeno, atraindo tanto a base instalada de leitores como quem nunca leu a saga, algo que outras adaptações --como "Academia de Vampiros", "A Hospedeira", "Os Instrumentos Mortais" e "Dezesseis Luas"-- não conseguiram fazer. A primeira adaptação de "Divergente" teve uma boa aceitação nos cinemas lá fora, mostrando potencial de seguir a trilha de múltiplos filmes - por vezes mais de um por livro - para o restante da saga.