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Com uma história inédita, série em HQ "Lôcas" ganha nova edição brasileira

A persongaem Hopey, da série em HQ "Lôcas", de Jaime Hernandez - Divulgação/Gal Editora
A persongaem Hopey, da série em HQ "Lôcas", de Jaime Hernandez Imagem: Divulgação/Gal Editora

Carlos Minuano

Do UOL, em São Paulo

13/03/2014 05h01

Com uma história inédita, a badalada série de quadrinhos “Lôcas” acaba de ganhar nova edição brasileira. A tradicional e bem-sucedida mistura de romance, drama e luta livre feminina está de volta no recém-lançado “Lôcas – As Mulheres Perdidas e Outras Histórias (Love and Rockets)” , segundo álbum de Jaime Hernandez lançado pela Gal Editora. Até o fim de 2014, deve sair do forno o esperado e prometido terceiro volume, “A Morte de Speedy Ortiz”, só com inéditas.

A capa de “As Mulheres Perdidas” ganhou novas cores nesta nova edição. Teve que ser recolorizada porque a editora americana Fantagraphics não tinha mais os arquivos originais de cor da capa desenhada na década de 1980 por Jaime Hernandez. A publicação traz ainda um agradecimento especial ao editor da revista, Kim Thompson, falecido em 2013.

A única história inédita é a última do álbum, "Um encontro com Hopey". Embora sem novidades, o lançamento é mais um alento para fãs de quadrinhos. Apesar do sucesso da revista "Love and Rockets", que há três décadas influencia gerações de artistas, por aqui a série permaneceu, durante anos, ignorada por editoras brasileiras.
 

Ao longo de três décadas, após o festejado lançamento na década de 1980, "Love and Rockets" - que também tinha histórias assinadas por Gilbert e Mario, irmãos de Jaime - ganhou aura de obra ‘cult’ e recebeu elogios de nomes como Alan Moore, Neil Gaiman e de Daniel Clowes, que admitiu ter sido influenciado pela série ao criar a HQ “Mundo Fantasma”.

Em entrevista por e-mail ao UOL, Jaime Hernandez falou sobre seu trabalho e o sucesso da revista "Love and Rockets". O segredo, segundo ele, é que apenas “fez, sem se importar com as críticas”. E revela que a internet não mudou nada em seu processo de criação. “Ainda faço da mesma forma que fazia no início, caneta e papel”.  Veja a seguir.

UOL - Qual é a diferença entre as aventuras dos anos 1980 e as histórias publicadas hoje?
Jaime Hernandez - A única diferença que eu posso pensar é que as novas histórias têm 30 anos ou mais por trás delas, por isso estou mais cuidadoso na tentativa de manter as histórias e os personagens frescos. Eu não tinha esse problema quando os quadrinhos eram novos. Foi mais de fluxo livre à época, porque eu era jovem.

A internet mudou algo no universo dos personagens?
Só mudou o fato de que a internet existe nas histórias atuais. Eu não penso sobre a internet quando eu crio as histórias. Eu ainda faço da mesma forma que fazia no início, caneta e papel.

Você produziu algum conteúdo exclusivo para a internet?
Não para ‘Love and Rockets’. Fiz uma história em quadrinhos para a [editora] Dark Horse online chamado ‘Las Primas Controla’, mas acredito que um dia ainda será lançada impressa como uma história em quadrinhos tradicional.

Você está trabalhando em outros personagens, tem algo novo para breve?
Estou trabalhando em alguns personagens novos na última ‘Love and Rockets’, bem como alguns mais antigos. Eu gosto dos novos e dos antigos.

Você já esteve no Brasil? Conhece algum autor de quadrinhos brasileiro?
Eu nunca fui ao Brasil e eu não sei muito sobre a cena de quadrinhos do país. Atualmente, concentro-me principalmente em meu próprio trabalho.

 As aventuras clássicas de ‘Lôcas’ tiveram punks e luta-livre feminina. Incorporou outros elementos às novas histórias?
A novidade são meus personagens envelhecendo, e lidando com isso principalmente.

Qual é o segredo para o sucesso de 'Lôcas'?
Eu fiz e eu não dei ouvidos àqueles que me disseram que não deveria fazer.

  • Página da HQ "Lôcas", desenhada por Jaime Hernandez