Autor de capas da Coleção Vagalume, Jayme Leão morre em SP aos 68 anos
O artista gráfico Jayme Leão, ilustrador e autor de capas de diversos títulos da Coleção Vagalume, morreu no início da tarde de segunda-feira (10), aos 68 anos. Ele sofreu uma série de complicações que resultaram em quadro de insuficiência renal.
Leão havia sofrido traumatismo craniano em meados de janeiro após cair, aparentemente sozinho, em sua casa, na zona norte de São Paulo. Submetido a uma cirurgia considerada bem-sucedida pelos médicos, ele teve alta do hospital dez dias depois.
Após realizar trabalhos de fisioterapia em uma clínica, o artista passou a apresentar quadro de desidratação e foi novamente internado, no hospital Mandaqui, onde permaneceu em estado grave por cinco dias, até não resistir.
Segundo a filha mais velha de Leão, a jornalista Lídice Leão, o pai era relapso quanto à saúde, fumava e bebia muito --embora se alimentasse bem e se exercitasse com regularidade. "Acho que o mundo perde, primeiro, um gênio, um ilustrador, um dos últimos a trabalhar com pincel e tinta, embora ele operasse bem o computador. E segundo, um militante que acreditava realmente que as coisas poderiam melhorar e que as pessoas tinham o direito de lutar”, disse Lídice ao UOL.
Trajetória
Nascido no Recife, de onde mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro, Leão ficou conhecido nacionalmente pelas capas de livros como “O Mistério do Cinco Estrelas”, “O Cadáver Ouve Rádio”, “O Rapto do Garoto de Ouro”, “Menino de Asas” e “Meninos Sem Pátria”, da Coleção Vagalume, sucesso entre o público infanto-juvenil nas décadas de 1970, 1980 e 1990.
Também passou pelas redações da “Folha de S.Paulo, “Estado de S. Paulo”, “Jornal da Tarde” e nas revistas “Veja”, “Playboy” e, mais recentemente, na “Você S/A”. Na editora Abril, foi vencedor do prestigiado Prêmio Abril.
Jayme Leão foi também um dos cérebros da imprensa alternativa no Brasil, participando da criação dos jornais “Opinião” e “Movimento”, que faziam oposição ao governo militar brasileiro. Na década 1970, chegou a viver com a família no Chile, do presidente socialista Salvador Allende, para fugir do regime de exceção.
O artista, que teve sete filhos, fruto de três casamentos, foi sepultado no início da tarde desta terça (11), no Cemitério Parque da Cantareira, zona norte de São Paulo.
Veja trecho do documentário "Resistir é Preciso", com entrevistas de Jayme Leão, Ary Normanha e Laerte
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