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Roberto Carlos, Gil e Erasmo dizem que não querem censurar biografias

Do UOL, em São Paulo

29/10/2013 23h10

Os cantores Roberto Carlos, Gilberto Gil e Erasmo Carlos - membros do grupo Procure Saber, liderado por Paula Lavigne - divulgaram um vídeo nesta terça-feira (29) em que declaram que nunca foram a favor de censurar biografias não autorizadas.

"Nunca quisemos exercer qualquer censura; ao contrário, o exercício do direito à intimidade é um fortalecimento do direito coletivo. Só existiremos enquanto sociedade se existirmos enquanto pessoas", disse Gilberto Gil.

Com um  posicionamento diferente do inicial pregado pelo grupo, os artistas assumem que já tiveram um pensamento mais "radical" sobre o assunto. "Se nos sentirmos ultrajados, temos o dever de buscar nossos direitos. Sem censura prévia. Sem a necessidade de que se autorize por escrito quem quer falar de quem quer que seja", explicou Erasmo Carlos durante o vídeo.

"Não negamos que esta vontade de evitar a exposição da intimidade, da nossa dor, ou da dor dos que nos são caros, em dado momento nos tenha levado a assumir uma posição mais radical. Mas a reflexão sobre os direitos coletivos e a necessidade de preservá-los, não só o direito à intimidade, à privacidade, mas também o direito à informação, nos leva a considerar que deve haver um ponto de equilíbrio entre eles", acrescentou Roberto Carlos.

Em diversos pontos do vídeo, os cantores pedem que o lado deles seja ouvido também. Roberto Carlos, por exemplo, diz que eles "não são censores". "Nós estamos onde sempre estivemos. Pregando a liberdade, o direito às ideias, o direito de sermos cidadãos que têm uma vida comum, que têm família e que sofrem e que amam. Às vezes a dois, ou na solidão, sem compartilhar com todos os momentos que são nossos", disse ele.

Gil acrescenta também que o grupo quer uma garantia contra os "ataques, os excessos, as mentiras, os insultos, os aproveitadores".

"Roberto Carlos continua contra livros não autorizados", diz biógrafo

O escritor Paulo Cesar de Araújo foi o entrevistado do programa "Roda Viva", da TV Cultura, com transmissão do UOL, nesta segunda-feira (28). Respondendo a jornalistas, o autor da biografia de Roberto Carlos proibida em 2007 comentou sobre a entrevista que o músico deu ao “Fantástico”, no último domingo, na qual se diz a favor da ação movida pelos escritores no Supremo Tribunal Federal para garantir o direito de comercialização de biografias sem o consentimento dos personagens.

“Para o Roberto Carlos, tudo deve continuar como está. Ele usou uma forma mais branda. Disse que queria conversar. Mas conversar o quê? Coloca isso, coloca aquilo. Parece que ele continua contra a publicação de biografias não autorizadas”, afirmou durante o programa.

O biógrafo falou sobre os desdobramentos legais da publicação do livro, que, segundo ele, nem sequer precisou ser lido por Roberto para ser tirado de circulação.

“Roberto Carlos sofre de transtorno obsessivo compulsivo, tem obsessão de controlar tudo em torno de si. Há 45 anos, tudo em torno de Roberto Carlos tem o controle dele. Quando viu um livro lançado com autor desconhecido, sem a participação dele, ele sentiu como se o chão estivesse fugindo de seus pés.”

 
 

No Fantástico, Roberto se diz a favor das biografias

Roberto Carlos falou pela primeira vez sobre a polêmica das biografias não autorizadas e demonstrou uma postura mais flexível sobre o assunto ao dizer que é a favor do projeto de lei que pede a modificação do artigo 20 do Código Civil. Ele, no entanto, pondera: desde que haja um “acordo”.

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“Isso aí tem que se discutir.Tem que haver um equilíbrio e alguns ajustes para que essa lei não venha a prejudicar nem o lado do biografado, nem o lado do biógrafo. E que não fira a liberdade de expressão e o direito à privacidade", afirmou Roberto em entrevista ao "Fantástico" neste domingo (27). Questionado, mais especificamente, se era a favor ou contra o projeto de lei, disse: “Eu sou a favor, eu sou a favor”.