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A menos de 1 ano da Copa, Brasil vive boom de livros de futebol

Foto da capa de "Casagrande e Seus Demônios"; jogador estará em sessão de autógrafos da Bienal do Rio  - Reprodução
Foto da capa de "Casagrande e Seus Demônios"; jogador estará em sessão de autógrafos da Bienal do Rio Imagem: Reprodução

Leonardo Rodrigues

Do UOL, de São Paulo

26/08/2013 07h01

A dez meses da Copa do Mundo no Brasil, nunca tantos livros sobre futebol foram editados no país. A percepção de editores, escritores e jornalistas ouvidos pelo UOL pode ser facilmente detectada na 16ª Bienal Internacional do Livro do Rio, que começa no dia 29 de agosto e vai até 8 de setembro, no Riocentro.

Além de contar com duas estandes temáticas, dezenas de títulos em exposição e ao menos dez livros sendo lançados, o futebol é o objeto de debate de 14 mesas redondas no ciclo “Placar Literário”, reunindo personalidades como Juca Kfouri, Flávio Carneiro e Helio de La Peña.

O fenômeno, descrito como incipiente -- mas ainda assim um fenômeno –, faz com que hoje quase toda editora de médio ou grande porte se esforce para ter ao menos um título futebolístico. Os preparativos para o Mundial de 2014 só serviram para impulsionar esse mercado.

Atualmente, nas principais livrarias do país, é praxe a chegada de três novos títulos por dia, entre biografias de jogadores, de clubes, enciclopédias, romances e até estudos antropológicos. Casos como o de “Estrela solitária - Um brasileiro chamado Garrincha”, de Ruy Castro, que vendeu mais de 80 mil exemplares, no entanto. ainda são exceção. Um livro sobre futebol vende hoje no Brasil, em média, de 1.500 a 2.000 cópias.

“De dez anos para cá, estamos vendo o aquecimento desse nicho, mas ainda muito no início, mais ou menos como aconteceu há algumas décadas na Inglaterra, maior mercado editorial de futebol do planeta”, compara o jornalista e escritor João Máximo, coautor do clássico “Gigantes do Futebol Brasileiro”, de 1965, e curador do "Placar Literário".

Nos estandes da Bienal, entre os principais lançamentos figuram títulos diversos, como “Casagrande e Seus Demônios”, (Walter Casagrande Jr. e Gilvan Ribeiro) e “De Pernas Para o Ar - Minhas Memórias Com Garrincha"  (Gerson Suares).

Além da lembrança dos craques do passado, há espaço para odes aos clubes (“Contos da Colina – 11 Ídolos do Vasco e Sua Imensa Torcida Bem Feliz”, de Nei Lopes, Mauricio Murad e Luis Maffei; “Olaria – A Conquista da Taça de Bronze”, de Marcelo Paes e "Guerreiros Lance a Lance", de Dhaniel Cohen), crônicas (“Cronicaturas de Futebol”, Fernando Miranda) e livros infantis (“Poesia que Rola no Jogo de Bola”, de Fábio Sombra; e “A Viagem da Bola”, de Adalberto Cornavaca).

Quantidade x Qualidade

“Hoje temos um volume muito grande de livros, mas há mais quantidade do que qualidade”, diz o jornalista e empresário Marcelo Duarte, fundador da editora Panda Books, que, até a Copa do Mundo, planeja dez lançamentos. “Existem muitos que apenas pegam coisas prontas de internet, com pouquíssimo esforço de pesquisa.”

Outro desafio constante do mercado boleiro é a falta de equilíbrio nos lançamentos. Segundo os próprios editores, a farta oferta de biografias e livros de conteúdo enciclopédico acaba reprimindo o surgimento de bons ficcionistas.

 “São tão poucos romances!. Então os escritores não vão jogar bola, é isso? O cara que joga não tem tempo de escrever? É curioso, já que historicamente temos excelentes cronistas”, diz o humorista Helio de La Peña, que trabalha na adaptação para o cinema de seu romance “Vai na bola, Glanderson!”, lançado em 2006.

O descrédito das grandes redes de livrarias, que normalmente dão destaque mínimo ao futebol em suas vitrines, e a forma como o brasileiro consome livros também são vistos como empecilhos.

 “O brasileiro está lendo mais, OK, mas ainda estamos muito na era do modismo, seja o dos vampiros, da auto-ajuda e dos best-sellers”, lamenta o jornalista, Paschoal Ambrósio Filho, que em 2008 fundou a Maquinária, editora dedicada exlucusivamente ao esporte mais popular do Brasil, que  já editou 43 livros.

Serviço
16º Bienal Internacional do Livro do Rio
Quando:
De 29 de agosto a 8 de setembro
Dia 29 de agosto: 13h às 22h; dias de semana: 9h às 22h; fins de semana: 10h às 22h
Onde: Riocentro – Av. Salvador Allende, 6555 – Barra da Tijuca 22780-160
Quanto: Inteira: R$ 14, Meia-Entrada: R$ 7
Pontos de venda: www.ingressomais.com.com.br e no local do evento
Mais informações: www.bienaldolivro.com.br


Programação do Placar Literário

Dia 29/8 (quinta)
19h

"Enfim, os museus", com Rosa Maria Araújo e Leonel Kaz, sob mediação de Pedro Butcher

Dia 30/8 (sexta)
18h30

"Que 'país do futebol' é este?", com Juca Kfouri e José Trajano, sob mediação de João Máximo

Dia 31/8 (sábado)
16h30

"Gols de letra: crônica e romance", com Marlos Bittencourt e Flávio Carneiro, sob mediação de Luiz Pimentel

18:30
"Gols de letra: dois romances", com Hélio de la Peña e Sérgio Rodrigues, sob mediação de Francisco Paula Freitas

Dia 1º/9 (domingo)
16h30

"Amor e ódio na arquibancada", com José Miguel Wisnik e Bernardo Buarque de Hollanda, sob mediação de Mário Magalhães

18h30
"O Botafogo de Paulinho e o Vasco de Drummond", com Flávio Pinheiro e Milton Temer, sob mediação de Luiz Fernando Vianna

Dia 2/9 (segunda)
18h30

"Graça e Lima, os falsos inimigos da bola", COM Dênis de Moraes e Joel Rufino dos Santos, sob mediação de Vitor Iório

Dia 3/9 (terça)
20h

"Pensando o futebol", com Muniz Sodré e Ronaldo Helal, sob mediação de Vitor Iório

Dia 6 de setembro (sexta)
18h30
"Gols de letra: ficção e realidade", com Marcelo Backes

Dia 7/9 (sábado)
16h30

"Brasil 2014", com Renato Maurício Prado e João Máximo, sob mediação de Vitor Iório

Dia 8 de setembro (domingo)
16h30
"O filme do jogo", com José Henrique Fonseca e José Carlos Asbeg, sob mediação de Antonio Leal
O cinema va

18h30
"Em campo, o editor", com Marcelo Duarte e Rodrigo Ferrari, sob mediação de César Oliveira