Em carta, poeta egípcio se diz envergonhado por não poder participar da Flip
Sem conseguir chegar ao Brasil para participar da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) neste domingo (7), o poeta palestino-egípcio Tamim Al-Barghouti enviou uma carta ao público do evento, lida na abertura da mesa "Literatura e revolução", da qual ele participaria.
Al-Barghouti citou a manifestações em seu país, o golpe de estado que tirou Mursi do poder e o clima de guerra civil. Disse que, apesar desse cenário, conseguiu chegar a Londres, onde embarcaria para o Brasil, e explicou que, "por conta da distração" seu passaporte havia sido perdido ou até roubado.
Em mais de um trecho da carta, o poeta e cientista político se disse envergonhado e culpado pela ausência. "A culpa só é facilitada porque eu já fui bastante penalizado e castigado", escreveu.
Ele disse ainda que perdeu uma "oportunidade única de visitar o Brasil em um momento histórico" para os dois países e que tem muito a aprender com os brasileiros.
"Para muitos de nós desse lado do Atlântico, a América Latina é fonte de inspiração. E temos muito em comum com o Brasil. Temos desejo de democracia, paixão pela literatura e pela poesia. Em termos pessoais, ir para a Flip teria sido uma experiência muito importante", escreveu.
O poeta agradeceu os esforços da organização da Flip em trazê-lo ao Brasil e das embaixadas brasileiras no Cairo e em Londres, que ofereceram ajuda durante todo o trajeto. Ele acabou tendo de ir para Amã, na Jordânia, de onde escreveu para os brasileiros.
Após a leitura da carta, a mesa sobre literatura e revolução seguiu com a participação do pesquisador e tradutor Mamede Mustafa Jarouche, do escritor Milton Hatoum e do filósofo Vladimir Safatle.
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