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Criador de "O Rei Leão" diz que adaptação musical foi "a pior ideia que já tinha ouvido"

O leão Mufasa caminha por uma floresta humana em cena do musical "O Rei Leão", da Disney - João Caldas/Disney
O leão Mufasa caminha por uma floresta humana em cena do musical "O Rei Leão", da Disney Imagem: João Caldas/Disney

Natália Guaratto

Do UOL, em São Paulo

25/03/2013 18h54

Quando Tom Shumacher, criador do filme "O Rei Leão", ouviu da Disney que a empresa queria adaptar o desenho para um musical, o produtor achou que estava diante da "pior ideia que já tinha ouvido na vida". 

Shumacher hesitou, mas, depois de receber um ultimato, estreou em 1997, a versão teatral da animação. Em 2012, ao completar 16 anos em cartaz, "O Rei Leão" se tornou a maior bilheteria da Broadway com arrecadação de U$ 853,8 milhões desde o lançamento.

Com essas credenciais, a produção estreia no Brasil na próxima quinta-feira (28) em São Paulo, trazendo cenários sofisticados, figurinos elaborados, influências africanas e um elenco numeroso de 53 atores, cantores e dançarinos.  

Apesar de mostrar ao espectador uma narrativa com outra roupagem, a história é a mesma do filme. Ganancioso, o leão Scar mata o irmão Mufasa para tomar o reino dos animais para si. A culpa do assassinato cai sobre Simba, filho do rei, que é obrigado a fugir e crescer longe do lar.

Veja trecho de "Ciclo da Vida", número de abertura de "O Rei Leão"

Shumacher é o presidente da Disney Theatrical Productions e ele lembra com bom humor da época em que não acreditava no sucesso de "O Rei Leão". Para ele, a história por trás do musical é tão importante quanto a narrativa contada para os espectadores.

"Fiquei com medo de que a montagem fosse algo como os personagens da Disneylândia vestidos com a cabeça do Mickey Mouse", lembra Julie Taymor, diretora do espetáculo e responsável por criar máscaras, fantoches e fantasias com influências africanas, que dão a cara da versão teatral de "O Rei Leão".

Aos elementos cênicos impressionantes da montagem, soma-se a trilha sonora, originalmente composta por Tim Rice e Elton John, e adaptada no Brasil por Gilberto Gil.

Com musicais como "Evita" e "Jesus Christ Superstar" no currículo, Rice foi a primeira pessoa a aceitar a trabalhar no filme "O Rei Leão".  "Já tinha feito muitas coisas no teatro, mas queria um desafio no cinema. Apostei que faríamos um grande filme", lembra o letrista.

"A história é o rei"
Para Rice, o sucesso do espetáculo na versão teatral - traduzido para 8 línguas diferentes e apresentado em 16 países - se deve à trama. "A história é o rei. Se a gente tem uma boa história, fica muito fácil trabalhar", afirma.

  • César Mello, Osvaldo Mil, Phindile Mkhize e Tiago Barbosa integram o elenco de 5 atores, 11 sul-africanos, de "O Rei Leão". A preparação foi tão intensa que Mil, intérprete do vilão Scar, chegou a acertar um chute nas costas de Tiago (Simba) durante os ensaios. "Aprendemos a ter essa visceralidade com os sul-africanos. Essa paixão é o que nos deixa um degrau acima nas produções de entretenimento", diz Mil.

O elenco do musical, formado por profissionais que guardam alguma memória afetiva do filme "O Rei Leão" visto na adolescência ou na infância, reforça essa ideia.

Tiago Barbosa (Simba), Osvaldo Mil (Scar), César Mello (Mufasa) e Phindile Mkhize (Rafiki) se esforçam na tentativa de explicar como é fazer parte de uma produção tão grandiosa.

Eles falam sobre as audições, sobre as horas de ensaio, sobre aprender danças africanas, sobre a troca de experiências entre brasileiros, norte-americanos e sul-africanos nos bastidores, mas são mais eloquentes ao externarem de que forma o musical os toca.

"A sensação de trabalhar em "O Rei Leão" não passa muito pelo racional, porque quando a Phindile [atriz que faz o macaco Rafiki], começa a cantar na cena de abertura, antes de pensar, você já está arrepiado, com os olhos cheios de lágrimas", diz César Mello, intérprete de Mufasa.

Osvaldo Mil, ator que vive o vilão Scar, conta que a relação paternal da história “mexe profundamente com a emoção”. “Essa coisa do Mufasa dizer para o Simba: ‘A gente vai estar junto’ e depois o Simba se dar conta de que o pai não está mais lá é muito poderosa”, diz.

Pai de dois filhos, o ator conta que desde que se envolveu na produção tem se colocado na pele dos personagens. “Para mim é ainda mais difícil, nunca posso deixar essa emoção me tomar, porque eu [Scar] vou acabar matando essas pessoas”, diz.

Com ingressos que variam entre R$ 50 e R$ 280, “O Rei Leão” terá sessões às quartas, quintas, sextas, sábados e domingos durante todo o ano de 2013 no Teatro Renault, em São Paulo.