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"É um presente para Milton Nascimento", diz diretor de musical com canções do mineiro

Cena do musical "Nada Será como Antes", com canções do compositor brasileiro Milton Nascimento. - Fernando Donasci / UOL
Cena do musical "Nada Será como Antes", com canções do compositor brasileiro Milton Nascimento. Imagem: Fernando Donasci / UOL

Mariana Pasini

Do UOL, em São Paulo

19/03/2013 17h10

Para Claudio Botelho, um dos diretores do musical "Milton Nascimento - Nada Será Como Antes", que estreia nesta sexta-feira (22) em São Paulo após temporada carioca, o espetáculo foi feito como um presente para o artista mineiro.

"Na primeira reunião, a gente perguntou ao Milton: você quer participar ou receber como presente? Ele respondeu: quero o presente. E a partir dali, a gente fez para dar para ele dessa forma", contou Botelho em evento de divulgação do espetáculo realizado nesta terça-feira (19).

Sem dramaturgia com textos falados, trama ou personagens, o musical conta a obra do cantor mineiro por meio de 48 canções divididas em quatro atos de acordo com as estações do ano, que também simbolizam sentimentos e passagens. A primavera, por exemplo, representa a criação, com "Canção Amiga", e o inverno coincide com a ditadura militar, com "Sentinela". "É quase uma ópera, um espetáculo totalmente cantado, sem uma palavra", diz Botelho.

Logo depois que estreou, o Milton contou para a gente: ‘É engraçado, eu estou em cena o tempo inteiro. Eu sou aquela gente, aquele boné, eu usei aquele cachecol, eu me vesti com aquela echarpe, aquelas botas’

Claudio Botelho, um dos diretores do musical

No entanto, o diretor afirma que o musical representa o artista como criador e “em si, é o Milton”. “Logo depois que estreou, ele contou para a gente: ‘É engraçado, eu estou em cena o tempo inteiro. Eu sou aquela gente, aquele boné, eu usei aquele cachecol, eu me vesti com aquela echarpe, aquelas botas’.”

Segundo o também diretor Charles Möeller, o musical se passa em uma “grande casa mineira, dentro de um clube da esquina, onde não existem portas”. Para os diretores, esse clube resume a utopia e a ingenuidade juvenil de querer mudar o mundo. Não houve audição para o musical: o elenco foi escolhido “a dedo” pelos diretores, e muitos deles haviam trabalhado com eles anteriormente, principalmente em “Beatles Num Céu de Diamantes”. "A gente queria uma coisa íntima", justifica Möeller.

Möeller conta que a escolha das canções "foi um inferno". "É muito difícil colocar tudo em 1h30 de espetáculo", afirma. Já Botelho conta que Milton Nascimento "deu liberdade total" para que os diretores usassem suas músicas. "Ele só comentou um acorde errado no final de uma música", brinca. A vontade de levar a cabo a montagem coincidiu com os 70 anos de idade e os 50 de carreira do cantor mineiro.

O figurino, diz Möeller, partiu de uma pesquisa gigante sobre o visual hipster. “A gente tentou fazer uma coisa meio 'hipster de fazenda', misturamos muitos elementos. É como se fosse um baú de várias casas abandonadas. Tem uma harmonia dentro do contexto, mas eu não queria que tivesse uma lógica”. Anáguas de rendas se misturam a botas de cowboy, camisas de tricô, casacos do Exército e até quimonos no palco. As toalhas de mesa, ele garante, são todas mineiras. “Nada foi comprado numa lojinha. Isso é que dá a vivência e a maluquice”, diz.

A gente tentou fazer uma coisa meio 'hipster de fazenda', misturamos muitos elementos. É como se fosse um baú de várias casas abandonadas. Nada foi comprado numa lojinha. Isso é que dá a vivência e a maluquice

Charles Möeller, um dos diretores do musical e também dos figurinos

A dupla Möeller e Botelho tem também dois outros musicais em cartaz: “Como Vencer na Vida sem Fazer Força”, no Rio, e “O Mágico de Oz”, em São Paulo. Para Möeller, o bacana é ter um leque gigante de criação. “O Milton tão pequenininho e delicado; o ‘Oz’, gigantesco, grandioso, com voos e fogos; e uma comédia gigante também. Eu ia ficar muito deprimido e constrangido se tivesse todos no mesmo formato”, diz.

"Milton Nascimento - Nada Será Como Antes - O Musical" foi exibido no Rio de Janeiro, onde ficou até março, e chega agora a São Paulo com uma única mudanca de três músicos em relação ao elenco que se apresentou na capital fluminense. O espetáculo deve seguir para Curitiba depois da capital paulista. "Dancin' Days" e "Kiss Me Kate" são projetos futuros da dupla de diretores.


Serviço
"Milton Nascimento - Nada Será Como Antes - O Musical"
Quando: a partir de 22 de março, às sextas (21h30), aos sábados (18h e 21h30) e aos domingos (18h)
Onde: Teatro GEO - Rua Coropés, 88 - Pinheiros
Quanto: de R$ 100 (balcão) a R$ 150 (plateia)
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 90 minutos
Vendas:
Bilheteria da casa
Segunda a domingo, das 12h às 20h ou até o início do musical
Telefone
Showcard: (011) 4003-4939 - segunda a sexta, das 9h às 20h; sábado, das 9h às 15h
Internet
www.showcard.com.br - compra sujeita a taxas de conveniência e entrega
Mais informações: (011) 3728-4929/4939 ou www.teatrogeo.com.br