Brasileira cria obra de arte interativa "para ver com as mãos"
Parece um televisor fora do ar, mas não é. O novo trabalho da artista e pesquisadora em mídias digitais Giselle Beiguelman bagunça, literalmente, os usos e expectativas que fazemos de nossos dispositivos digitais - celulares, tablets e computadores.
Lançado simultaneamente como um aplicativo de internet e em uma exposição de uma galeria de San Diego, "I Lv Yr GIF" empresta o recurso de zoom das telas sensíveis a toque para fazer com que o público "veja com as mãos" o seu trabalho.
Ao baixar e executar o aplicativo em seu tablet ou celular, o usuário-visitante (?) embarca em uma viagem pelo túnel do tempo da internet, voltando a uma época em que as animações eram formadas por sequências simples de imagens em baixa resolução e paleta de cores econômica, os chamados GIFs.
"Coleciono GIFs desde que os GIFs existem. Num determinado ponto, quando me bateu a primeira ideia desse projeto, comecei a direcionar mais a 'coleção' para GIFs em preto e branco e muito pequenos", lembra a artista que, para o trabalho, resolveu "driblar algumas regras básicas do webdesign". "Se o GIF original tem 5 x 5 pixels, uso no tamanho de 1.000 x 700 pixels, mais ou menos. Coloco um [GIF] no background que se multiplica indefinidamente e vou criando camadas e superpondo. Isso permite fazer telas muito leves com cerca de três imagens apenas, apesar de visualizarmos às vezes milhares. Com os efeitos de pinça e zoom, ficam hipnoticamente interessantes", explica.
Difícil de entender? Veja um exemplo aqui ou no vídeo abaixo:
Professora de História da Arte e Design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e figura conhecida nas principais exposições de arte digital do Brasil e do mundo, Beiguelman trabalha há mais de dez anos criando obras interativas que fazem uso de computadores, telefones celulares e outros dispositivos ligados às redes de comunicação.
A pergunta que mais ouviu nesse meio tempo foi "E por que isso é arte?"
"[O filósofo tcheco Vilém] Flusser dizia que nós somos condicionados pelos aparatos que usamos e que todos os dispositivos estão programados para nos programar a fazer as coisas de um certa forma. Esse uso previsível, dizia ele, nos transforma em funcionários dos equipamentos. A arte nos desvia do projeto industrial e permite que não sejamos seus meros funcionários", conclui.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Giselle Beiguelman e experimentar o aplicativo acesse o site do projeto "I Lv Yr GIF".
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