Criador de 'Babylon 5' reinventa 'Super-Homem' e 'Watchmen'
J. Michael Straczynski conquistou fama como criador, produtor e principal roteirista da série de ficção científica "Babylon 5" (1994-1998), e escreveu filmes como "A Troca" (2008), "Thor" (2011) e "Anjos da Noite: Despertar" (2012). Mesmo assim, ele dedicou a maior parte da década passada a escrever revistas em quadrinhos, um trabalho nobre mas muito menos lucrativo. Ele escreveu mais de 100 revistas para DC, Marvel, Top Cow e sua própria editora, a Joe's Comics, com títulos como "Rising Stars" (1999-2005), "O Espetacular Homem-Aranha" (2001-2007), "Thor" (2007-2009), "The Brave and the Bold" (2009-2010), "Super-Homem" (2010-2011) e "Mulher Maravilha" (2010-2011).
"Tudo que faço, faço porque amo", declarou Straczynski. "Sou o cara mais sortudo do planeta, pois consigo fazer o que amo todos os dias para sobreviver. Existem certas coisas que você pode fazer em televisão mas não no cinema, no cinema que não pode fazer em quadrinhos e em quadrinhos que não pode fazer na televisão ou no cinema."
Conhecido pelos fãs como JMS, Straczynski está atualmente representado por dois projetos da DC, o polêmico "Before Watchmen" e "Superman: Earth One, Volume Two" – sendo que este último estreou na primeira posição da lista de mais vendidos do New York Times para livros gráficos de capa dura. "Before Watchmen", um prelúdio para a saga clássica "Watchmen" criada por Alan Moore e Dave Gibbons em 1986-1987, é um grupo de minisséries com duas a seis edições cada uma. Straczynski escreveu quatro histórias de "Night Owl" e "Doctor Manhattan", além de duas para "Moloch" – a primeira das quais está nas bancas, com a segunda programada para 26 de dezembro nos EUA.
26.dez.2012 - Capa do primeiro número de "Moloch", da série "Before Watchmen", escrito port J. Michael Straczynski e desenhado por Eduardo Risso
Moore classificou "Before Watchmen" como "completamente vergonhoso". Straczynski já viu seus roteiros serem alterados ou usados de maneiras que ele não apreciou, então, ele compreende a frustração do escritor britânico. Mesmo assim, ele não se desculpa por "Before Watchmen".
"É preciso ter em mente que Alan recebeu todas as oportunidades possíveis para estar envolvido", afirmou Straczynski, falando por telefone de seu escritório de Los Angeles. "Se a Warner Bros. quisesse produzir outra série de 'Babylon 5', e me dissessem: 'Joe, lhe daremos controle criativo e todo o dinheiro que você quiser, vá lá e faça a série', e eu respondesse 'Não', e se eles esperassem alguns anos e dissessem, 'Nós lhe devolveremos os personagens. Você pode ser o dono deles. Tudo que quiser, para fazer mais histórias', e eu respondesse 'Não', e então eles esperassem 20 anos e eu continuasse dizendo 'Não', então acho que eles estariam no direito deles, especialmente porque a Warner Bros. é dona de 'Babylon 5'."
"A Warner é dona daqueles personagens ("Watchmen"), e deu a Alan todas as oportunidades para fazer parte disso", explicou Straczynski. "Eles teriam assinado um cheque gordo o bastante para escurecer as luzes da DC Comics, mas ele optou por ficar de fora. Assim, se você escolhe não se envolver no processo, então não pode ficar nervoso mais adiante se eles disserem: 'Bem, nós vamos em frente sem você. Não se envolver foi escolha sua'."
Quanto a "Superman: Earth One", o segundo volume continua a reinvenção de Straczynski sobre o venerável personagem. A história acontece no presente, com o jovem Clark Kent se acostumando com a vida na Terra e no Planeta Diário, enquanto também encontra seu equilíbrio como o Homem de Aço. Quando um vilão formidável deixa o Super-Homem sem poderes, o jovem herói aprende o verdadeiro significado de ser humano.
"Pessoas vêm me pedir autógrafos e dizem, 'Eu nunca li Super-Homem antes, mas isso me tocou'", disse Straczynski. "Isso era meio que o objetivo por trás desse projeto."
26.dez.2012 - Capa de "Superman - Earth One - Volume Two", de J. Michael Straczynsk
"Inicialmente, Clark Kent não precisava ser muito interessante", explicou Straczynski, "pois o Super-Homem era o cara mais poderoso do planeta. Agora, como existe concorrência, temos de tornar Clark tão interessante quando o Super-Homem, e fazer esse personagem se aguentar por conta própria. Essa é a meta número 1. A meta número 2 é trazer aquele público que via o Super-Homem como 'o grande escoteiro azul' e não achava que ele tinha algo a dizer às gerações mais jovens".
"Eu queria tornar o personagem relevante aos leitores na casa dos 20 anos, que não sabem quem são e ainda estão no processo de se autodefinirem", afirmou ele. "Então essa história traz Clark tentando descobrir quem ele é, e o Super-Homem, num arco parecido, tentando desvendar onde ele se encaixa nisso tudo."
Reimaginar personagens existentes não é algo novo para Straczynski, seja uma continuidade estabelecida, como sua participação em "O Espetacular Homem-Aranha", uma reformulação consciente, como em "Mulher Maravilha", ou até mesmo "The Twelve" (2009-2012), onde ele ressuscitou personagens da Marvel que não eram vistos desde a década de 1940. Isso é desafio completamente diferente de criar seu próprio universo, como fez em "Babylon 5" e em alguns de seus outros quadrinhos.
"É uma questão da diversão de trabalhar num ambiente estruturado", disse ele. "Por exemplo, você pode fazer poesias de versos livres, onde não há regras e você escreve o que quiser, mas há algo de divertido em trabalhar com as regras criadas por outra pessoa. Para mim, seja criando minhas próprias histórias – meus próprios universos, em 'Babylon 5', 'Midnight Nation' (2000-2002) ou 'Rising Stars' – ou trabalhando para uma grande empresa como DC ou Marvel, dentro de seus universos, a diversão está em tentar trabalhar com suas estruturas."
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