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"Gostaria de ser cantora numa próxima vida", diz Andréa Beltrão que estreia musical no Rio

Andréa Beltrão encena a comédia-rock "Jacinta" que estreia nesta quinta no Teatro Poeira, zona sul do Rio (15/11/12). Na imagem a atriz aparece ao lados dos atores (em sentido horário): Isio Ghelman, Rodrigo França, Gillray Coutinho, Augusto Madeira e José Mauro Brant - André Durão/UOL
Andréa Beltrão encena a comédia-rock "Jacinta" que estreia nesta quinta no Teatro Poeira, zona sul do Rio (15/11/12). Na imagem a atriz aparece ao lados dos atores (em sentido horário): Isio Ghelman, Rodrigo França, Gillray Coutinho, Augusto Madeira e José Mauro Brant Imagem: André Durão/UOL

Renato Damião

Do UOL, no Rio

15/11/2012 05h00

Há 15 anos Andréa Beltrão faz aulas de canto e o resultado de toda essa dedicação poderá ser visto nesta quinta-feira (15) quando estreia no Rio a comédia-rock "Jacinta". No musical, a atriz interpreta uma atriz portuguesa, no século XVI, que de tão ruim foi capaz de matar a rainha com sua atuação. Como punição ela é obrigada a se exilar no Brasil e em solo tupiniquim tenta de todas as maneiras ter seu talento reconhecido.

Com direção de Aderbal Freire-Filho e texto de Newton Moreno, o espetáculo conta com 13 canções que passam pelo fado e operetas até chegar ao funk, tudo sob as mãos do titã Branco Mello. Em entrevista ao UOL, no Teatro Poeira, zona sul da cidade, Andréa contou que "numa próxima vida quer ser cantora", mas que as aulas sempre foram importantes para ela como atriz.

"Sempre gostei de trabalhar a minha voz, de ter uma boa dicção. A voz é um instrumento poderoso no palco, na televisão e no cinema. Às vezes sou reconhecida somente pela minha voz e acho isso engraçado", disse ela que além de cantar também precisou se especializar no sotaque português de Portugal.

André Durão/UOL
Sempre gostei de trabalhar a minha voz, de ter uma boa dicção. A voz é um instrumento poderoso no palco

"Adoro sotaque, qualquer um deles. Fiquei no Youtube ouvindo Raul Solnado e Amália Rodrigues até ficar doida", brincou Andréa. Da Amália ela absorveu a "ironia e os tempos estranhos" e de Raul o "português explicadinho". "Ele [o Raul] fazia muitos shows no Brasil e fazia questão de que as pessoas entendessem o que ele falava, eu também quero que o público entenda", frisou a atriz.

Sobre a experiência em interpretar a pior atriz do mundo, Andréa garantiu ser "libertadora" e que buscou em si os "erros cometidos no passado". "Precisei ir lá atrás quando pisei no palco pela primeira vez, revi minhas dificuldades, minha falta de técnica, aquele desespero em querer acertar, mas fazer tudo errado", relembrou.

"Infelizmente o teatro não é só feito de Andréa Beltrão e Fernanda Montenegro, ainda existem muitas outras que tentam encontrar a grande atriz dentro delas mesmo que essa tal atriz não exista", disse Newton dando risadas.

Para o autor, o hibridismo de gêneros em "Jacinta" trouxe uma nova roupagem ao texto escrito por ele há oito anos atrás. "Poderíamos ter optado por uma pesquisa de época, uma peça toda baseada no século XVI, mas quando chegamos a ideia do musical percebemos que essa mistura era gostosa", contou. "Todo esse anacronismo e modernidade em misturar o teatro de Gil Vicente e Shakespeare com uma banda de rock faz muito parte do meu repertório, do repertório do Aderbal", prosseguiu Andréa.

Aderbal por sua vez admitiu que "Jacinta" é um projeto desafiador por não se tratar de um musical da Broadway. "Não tivemos intenção em usar aqueles recursos cênicos ou estéticos, mas fizemos um trabalho bem cuidado", ponderou ele.

"Ainda não me toquei sobre isso", diz Andréa sobre os 50 anos

Os ensaios para "Jacinta" duraram três meses e meio e Andréa Beltrão precisou organizar a agenda para dar conta também das gravações do seriado "Tapas & Beijos", da Globo. "É infernal, mas é bom. Dorme-se pouco, fica-se com sono na hora errada, mas é normal", contou a atriz.

  • André Durão/UOL

Após o sucesso de "As Centenárias", também texto de Newton e direção de Aderbal, ela garantiu que não cria expectativas sobre o assunto. "O sucesso não gosta de ser procurado, ele aparece", opinou ela que também não é de fazer planos para a carreira.

"Só consigo pensar no que tenho agora, não gosto de me rever, não tenho vontade de refazer trabalhos que já fiz. Guardo boas lembranças e respeito. Não acredito em uma trajetória, gosto de ser livre", garantiu Andréa que em 2013 celebra 50 anos.

Indagada se a proximidade da idade já lhe deu um susto, ela desdenhou. "Ainda não me toquei sobre isso, pode ser que no dia que acontecer eu leve um susto, mas acho que estou legal, nunca puxei nada", brincou ela negando que tenha feito cirurgia plástica.

O único futuro que Andréa tem garantido é o do "Tapas & Beijos" que terá temporada garantida em 2013.

SERVIÇO:

JACINTA
Onde:
Teatro Poeira / Rua São João Batista, 104 - Botafogo  Rio de Janeiro - RJ
Quando: Quinta a sábado, 21h; domingo, 19h
Quanto: De R$ 30 a R$ 100 (inteira)