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Grafiteiros paulistanos transformam bueiros da Barra Funda em obras de arte; veja fotos

Boca de lobo pintada pelo coletivo 6eMeia, no bairro da Barra Funda, em São Paulo - Divulgação
Boca de lobo pintada pelo coletivo 6eMeia, no bairro da Barra Funda, em São Paulo Imagem: Divulgação

Estefani Medeiros

Do UOL, em São Paulo

21/10/2012 06h15

Ilustrando bueiros da Barra Funda desde 2006, a dupla Anderson Augusto e Leandro Delafuente, integrantes do coletivo 6eMeia, lança nesta semana uma exposição que reúne seus trabalhos colorindo as ruas da cidade na galeria Choque Cultural, em São Paulo.

Augusto e Delafuente se conhecem desde a adolescência e começaram a pintar quando ainda estavam na oitava série, em 96. Dez anos após o início da parceria, eles decidiram dar vida as antigas “bocas de lobo”. Hoje já somam mais de 200 obras espalhadas pelo bairro.

  • Grafiteiros do 6eMeia pintam as ruas de São Paulo

“Depois de muitas ideias e papeis rabiscados chegamos à conclusão mais obvia que podíamos ter. O objeto sempre existiu, sempre esteve ali, esquecido e abandonado nas esquinas. O bueiro sempre teve olhos e bocas. O que começamos a fazer a partir desse instante foi prestar mais atenção e ter uma visão panorâmica dos objetos que compõe as ruas”, explica a dupla em entrevista ao UOL.

A escolha do bairro foi baseada na própria infância da dupla, que presenciou enchentes, o primeiro samba da Camisa Verde e Branco, o punk dos anos 80 e os trabalhos de um dos primeiros grafiteiros do bairro, Zelão. “O bairro tem muitos bueiros, por ser uma área de várzea. E nosso intuito era justamente acrescentar mais um capítulo nessa vida cultural que o bairro já tem, começar a modificar o lugar em que vivemos, colorir os caminhos e dar vida a ele”, explica. 

Para pintar as bocas de lobo, trabalho que leva cerca de duas horas, os grafiteiros usam pincéis e tinta acrílica. Com o tempo, os trabalhos vão se desgastando e não são retocados, para dar espaço para que surja outra pintura no lugar. Apesar de ser um trabalho considerado grafite, o 6eMeia diz não ter problemas com a polícia, já que não existe lei que impeça esse trabalho em particular. 

Quem quiser conhecer o trabalho da dupla pessoalmente, os grafiteiros recomendam que o trajeto comece na Rua do Bosque e siga o fluxo dos carros e recomendam: “Sempre fiquem com o olhar atento nas esquinas, pois até mesmo os bueiros apagados, podem surgir novamente”.


6eMeia na Choque Cultural
Onde: Rua João Moura, 996 - Pinheiros
Quando: a partir de 20 de outubro
Entrada franca