Topo

"Meu foco são os eleitores da Erundina", diz Regina Duarte sobre "Raimunda, Raimunda"

Regina Duarte apresenta a peça "Raimunda, Raimunda", dirigida e protagonizada por ela em SP (16/10/12) - Francisco Cepeda/AgNews
Regina Duarte apresenta a peça "Raimunda, Raimunda", dirigida e protagonizada por ela em SP (16/10/12) Imagem: Francisco Cepeda/AgNews

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

16/10/2012 15h36

Com 50 anos de carreira artística, a atriz Regina Duarte não parece disposta a diminuir o ritmo de trabalho. Nesta sexta-feira (19), ela estreia o espetáculo "Raimunda, Raimunda", em que interpreta duas personagens nordestinas e, ainda, dirige um elenco de oito atores.

"Em Fortaleza as pessoas não riam. Elas gritavam, porque a peça tem muita a ver com a cultura delas. Aqui em São Paulo, especialmente hoje que o Brasil é mais miscigenado, mais unificado, eu brinco que meu foco é atingir os eleitores da Erundina", comenta aos risos.

A referência, no entanto, é por conta da narrativa do dramaturgo piauiense Francisco Pereira da Silva, que se apropria da prosódia nordestina, usando expressões que até o pai da atriz, um cearense, usava em sua infância. "No começo dos ensaios, me perguntava por que Raimunda. Não sabia ainda de que raízes brotava aquela obsessão por comunicar aquele universo. Seria a caudalosa beleza do diálogo curto, grosso e carregado de humor e poesia do Chico Pereira da Silva? Seria quele palavreado gravado na minha memória? Só podia ser isso."

Faço teatro para me conhecer, crescer e me aperfeiçoar

Regina Duarte

Não é só Regina que multiplica funções na montagem. Os outros atores dão vida a 22 tipos, que trocam de figurino 45 vezes para encenar dois atos em 24 cenários diferentes. "As trocas são todas ensaiadas para não atrasar. O espetáculo é muito maior que eu imaginava e eu só consegui fazer porque tive o auxilio da Amanda Mendes, que cuidou da parte operacional. As pessoas me perguntam se eu fico cansada. Não fico, porque isso me nutre", conta a atriz.

Ao contrário de outros atores, Regina não tem pudores em admitir que interpreta papeis que a levem ao autoconhecimento. Questionada porque não escolhera uma peça de Nelson Rodrigues para esta volta aos palcos em seu cinquentenário (que por coincidência é no mesmo ano do centenário do autor), ela respondeu que o dramaturgo a fascina, mas também a amedronta.

"O Nelson mexe em áreas da alma em que nunca estive preparada para analisar. Acho que já está na hora, pois já alcancei a maturidade. Mas primeiro quero fazer uma leitura. Isso porque eu faço teatro para me conhecer, crescer e me aperfeiçoar", diz.

Quanto ao título de "namoradinha do Brasil", a atriz disse que, embora não se incomode com a alcunha, embora ache que "certas coisas do passado devem ser deixadas lá no passado". "Hoje já não tenho mais nada dela. Que ela descanse em paz", analisa aos risos.

SAIBA MAIS SOBRE O ESPETÁCULO

Em “Raimunda, Raimunda”, Regina interpreta uma mulher cearense que decide mudar de sua cidade natal e tentar a vida como enfermeira no Rio de Janeiro.

Ao chegar na cidade depois de dias viajando de carona pelas estradas brasileiras, Raimunda se depara com as injustiças e problemas com a saúde e pública do Rio.

Depois de passar por dificuldades, consegue finalmente um emprego, é quando ela conhece um costureiro famoso, que muda toda a sua história.

"Raimunda, Raimunda", com Regina Duarte
Quando: a partir de 19 de outubro, sextas às 21h30, sábados às 21h e domingo às 18h.
Onde: Teatro Raul Cortez (Rua Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista – São Paulo.
Ingressos: sexta e domingo por R$ 50 e sábado R$ 60.
Horário da bilheteria: De terça a quinta, das 14h às 20h
De sexta a domingo, das 14h até o inicio do espetáculo
Tel.: 0/xx/11 3254-1631